Maioria dos policiais mortos no Rio estava fora do serviço
A cada 10 policiais mortos no Rio de Janeiro este ano, oito estavam fora de serviço – incluindo os agentes reformados. A relação está dentro da média brasileira (70%), segundo dados de 2015 do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Neste sábado, 26, foi assassinado o 100º policial no Rio em 2017.
Para a diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, o número mostra que a exposição do policial à violência está além dos riscos naturais do próprio serviço.
“O policial no Brasil morre muito mais fora do serviço do que em serviço. Na maioria dos casos, o profissional de segurança está andando como um cidadão comum, vai ser assaltado e o criminoso percebe que ele é um policial, então mata. Matar um policial é algo valorizado dentro do crime”, explica.
A diretora do Fórum defende a proteção do policial, por meio de políticas públicas e apoio do Estado, como uma das soluções para o combate à violência. “Esse policial está assustado e estressado, trabalhando sob pressão. Significa que ele vai errar mais em suas ações. Também vai acabar fazendo uso da força letal contra o agressor mais vezes porque sabe que também poderá ser morto. É uma espiral da violência”, afirma Samira.
Mesmo assim, segundo ela, diante da crise econômica, política e institucional pela qual passa o Estado, a curto prazo “não há expectativa para o Rio senão o aumento da violência”. “Os policiais estão com salários atrasados, estão perdendo os amigos e estão se estressando cada vez mais. O que esperar desse profissional de segurança? Com que motivação ele vai trabalhar?”
Dados mais recentes do Fórum apontam que o problema tem dimensão nacional: em 2015, foram assassinados no Brasil 358 policiais. “Infelizmente, é uma tragédia anunciada (a 100ª morte de policial no Rio). O Brasil como um todo vive com um número de policiais assassinados muito alto”, afirma Samira.
Após a morte do 100º agente de segurança neste sábado, a Secretaria de Segurança Pública do Rio publicou uma nota em que “lamenta profundamente” o assassinato do 2º sargento Fabio Cavalcante e Sá, assassinado em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, quando visitava os pais. Ele reagiu a uma tentativa de assalto e foi baleado na cabeça.
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Wolney Dias, também escreveu uma nota, intitulada “Não somos números. Somos cidadãos e heróis”, em referência a uma mensagem enviada anteriormente à tropa.
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