Manifestações contra o governo levam mais de 1,5 milhão às ruas do Brasil

  • Por Jovem Pan
  • 15/03/2015 21h06
Giuliano Di Sevo Os rostos

Mais de um milhão e meio de pessoas ocuparam as ruas no Brasil neste domingo (15) em protestos contra o governo Dilma. Um milhão apenas na Avenida Paulista, em São Paulo, de acordo com a Polícia Militar.

A Jovem Pan acompanhou as manifestações desde a manhã, enquanto as pessoas começavam a se juntar no vão livre do MASP, até a repercussão com os depoimentos de dois ministros de Dilma, José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral) – bem como o respectivo “panelaço” durante as falas do membros do governo (veja mais detalhes abaixo).

Às 10h30, onze estados já tinham concentração de pessoas. Todos os 26 estados brasileiros mais o Distrito Federal viriam a participar do movimento, desde os 300 que se manifestaram no centro de Corumbá (Mato Grosso do Sul), até os centenas de milhares na principal avenida paulista.

Apolítico

Ninguém esperava que tanta gente aderisse ao movimento. Partidos políticos não conseguiram capitalizar dividendos dos protestos, que foi apartidário e cheio de bandeiras do Brasil e camisas da seleção, semelhante às manifestações de junho de 2013.

O deputado Jair Bolsonaro, por exemplo, tentou subir em um carro de som e discursar em Copacabana, no Rio de Janeiro, mas foi vaiado e expulso. Derrotado na disputa à presidência ano passado, o tucano Aécio Neves decidiu não ir às ruas e justificou-se pelas redes sociais.

Considerada a “terceira via”, Marina Silva também comentou os atos pelo Facebook. Se no dia anterior, a terceira colocada nas eleições com 22 milhões de votos disse em longo texto ser contra o impeachment da presidente, neste 15 de março Marina chamou a manifestação como “pacífica, democrática, livre, autoral, descentralizada e autoconvocada”. “Não há como desconhecer ou minimizar a manifestação. O povo brasileiro exige uma posição da presidente da República em resposta aos seus justos e legítimos reclames”, disse, concluindo que o “Brasil é todo ouvidos” para o que o governo tem a responder.

Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o deputado federal do PPS Raul Jungmann, que protocolou pedido de investigação contra Dilma, disse agora que “o Congresso tem que se alinhar às ruas”.

Outras duas grandes manifestações foram Brasília, que reuniu 45 mil pessoas em frente ao Congresso Nacional, e Rio de Janeiro, que acolheu 15 mil na orla de Copacabana (organizadores falam em 100 mil).

Em São Paulo, assim como na maioria dos lugares, o clima foi pacífico e os próprios manifestantes repreendiam algumas tentativas de vandalismo ou depredação. Na Av. Paulista, dois pequenos incidentes foram registrados pela reportagem Jovem Pan: a queda de um drone no olho de uma pessoa, e a detenção de gangue de skinheads que portava explosivos.

Resposta do governo

No final do dia, quando a maioria dos manifestantes já havia se dispersado, dois dos três ministros (Mercadante não se pronunciou) de Dilma que participaram da força-tarefa do Planalto no acompanhamento dos protestos fizeram depoimento com um balanço do domingo.

José Eduardo Cardozo (Justiça) disse que o governo está aberto ao diálogo e defendeu a refortma política, uma das principais bandeiras de Dilma. Já Miguel Rossetto (Secretaria-Geral) falou que a crise econômica tem seus altos e baixos, mas que o Brasil consegue manter uma rota de crescimento positivo.

A fala foi recebida com novo “panelaço” dos insatisfeitos com o governo.

Especialistas

Ao longo do dia, a Jovem Pan também conversou com especialistas e estudiosos que avaliaram as consequências políticas das manifestações.

O sociólogo e cientista político Sérgio Fausto disse que “O governo Dilma tal como ele se constituiu até agora acabou neste domingo” e espera uma grande reformulação.

O também cientista político Rubens Figueiredo comparou o pedido de impeachment a uma bomba atômica, usada como persuasão, mas que exige muita coragem para ser lançada. Ele espera asssim que o governo Dilma abra diálogo com os partidos.

Confira também no canal de vídeos acima a cobertura exclusiva da Jovem Pan na Avenida Paulista, além da galeria com outros seis grande movimento de ir às ruas que já ocorreram no Brasil.

 

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