Protestos pela morte de João Alberto têm confrontos em Porto Alegre e invasão em SP

Homem negro foi espancado até a morte em unidade do Carrefour na capital gaúcha; em São Paulo, um grupo de manifestantes invadiu, depredou e ateou fogo em uma loja da rede de supermercados

  • Por Jovem Pan
  • 20/11/2020 19h25 - Atualizado em 21/11/2020 08h55
Jovem Pan Manifestantes quebraram portão e invadiram mercado.

O assassinato de João Alberto Silveira Freitas por espancamento em uma unidade do Carrefour em Porto Alegre gerou revolta nesta sexta-feira, 20, Dia da Consciência Negra. Protestos aconteceram nas principais cidades do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e na capital gaúcha, onde aconteceu o crime. Em SP, um grupo de manifestantes invadiu, depredou e ateou fogo em uma unidade da rede de supermercados. Estima-se até 30 pessoas conseguiram entrar na loja. Segundo os manifestantes, Freitas, que é negro, foi vítima de racismo. Dentro do estabelecimento, os participantes do ato quebraram vidraças, danificaram escadas rolantes e derrubaram vários produtos das prateleiras, mas eles asseguram que nenhum item foi saqueado.

No momento da invasão, clientes estavam dentro do supermercado. Um carro foi depredado, e sua dona acusou os participantes do protesto de terem ameaçado seus pais, que estavam dentro do veículo. “Diferentemente do que ela está dizendo, as pessoas tiveram cuidado com todos os seres humanos dentro e fora do mercado”, rebateu a apresentadora Andreza Delgado, uma das participantes da manifestação. Ela afirma que ajudou os dois idosos a saírem em segurança do automóvel.

Muitos manifestantes usaram as redes sociais para publicarem vídeos. Uma das participantes relatou que alguns vizinhos da loja começaram a jogar ovos e cacos de vidro na direção de quem estava lá para protestar. “O pessoal bravo porque quebraram um carro que o Carrefour tem a obrigação de arrumar. Enquanto um homem preto foi espancado até a morte. E nós, atacados com ovo e garrafa de vidro por moradores. Vão à m…, pessoal. Quando a gente botar fogo no Brasil e fazer Palmares de novo, vocês vão ver”, disse a manifestante, referindo-se ao famoso Quilombo dos Palmares. O protesto começou na Avenida Paulista, de onde saiu a 17ª marcha do Movimento Negro Unificado. A caminhada já ocorreria em razão do Dia da Consciência Negra, mas teve o trajeto alterado por causa do assassinato de João Alberto Freitas. Em vez do Theatro Municipal, os participantes do ato se dirigiram à unidade mais próxima do Carrefour.

Porto Alegre

Em Porto Alegre, cerca de 2,5 mil pessoas se reuniram em frente ao principal acesso ao Carrefour onde João Alberto foi morto por espancamento, na avenida Plínio Brasil Milano. A rede de supermercados havia afirmado, mais cedo, que não abriria a unidade “em respeito à vítima”. Após um início pacífico do ato, um grupo de cerca de 50 pessoas tentou invadir o interior do estabelecimento. A Brigada Militar ocupou as dependências e jogou bombas de gás lacrimogênio para afastar os manifestantes do portão, que acabou danificado. Uma pessoa conseguiu invadir o pátio e colocou fogo em alguns materiais. Após o confronto, muita gente deixou a manifestação. Mais mobilizações contra o assassinato de João Alberto devem ocorrer nos próximos dias na capital.

Confira registros exclusivos do ato:

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