Marcelo Odebrecht entrega novas provas contra ex-presidente do Peru, diz site
O empresário brasileiro Marcelo Odebrecht entregou ao Ministério Público Federal (MPF) mais provas sobre a doação de US$ 3 milhões feita à campanha do ex-presidente peruano Ollanta Humala em 2011.
As informações foram divulgadas nesta terça-feira pelo site “IDL-Reporteros”. Segundo o portal, os advogados do empresário entregaram aos promotores um CD com e-mails, anotações de seu computador pessoal e registros do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o mesmo que realizou pagamentos de propinas revelados durante as investigações da Operação Lava Jato.
A entrega dos documentos faz parte do acordo de delação premiada feito pelo empresário com a Justiça brasileira.
Entre as provas apresentadas pelos advogados de Odebrecht está uma planilha que indica quatro pagamentos à campanha de Humala: US$ 550 mil, US$ 350 mil, US$ 100 mil e US$ 160 mil. Os valores, colocados junto ao nome “Ítalo-Italiano – Eleições Peru”, foram realizados entre maio e dezembro de 2011.
Além disso, há outras quatro ordens de pagamento de US$ 202,9 mil, feitas entre julho e outubro de 2011, através de uma conta da Credicorp Bank, do Panamá, que pertencem à Construmaq SAC, dos peruanos Gonzalo Monteverde e María Isabel Carmona, ambos atualmente investigados em seu país por lavagem de dinheiro.
Além disso, o empresário entregou informações sobre outra ordem de pagamento de US$ 700 mil, realizada para uma pessoa com o pseudônimo de “Sururu”, acompanhado da silga “NAC3”, que seria uma referência à campanha do ex-presidente peruano.
Em um e-mail, o ex-executivo Benedito da Silva Júnior pergunta a Odebrecht se ele sabia que o brasileiro Valdemir Garreta estava assessorando Humala na campanha. O empresário pede que seu funcionário se aproxime do assessor para evitar um contato da construtora OAS, concorrente da Odebrecht, com Garreta.
Humala e sua esposa, Nadine Herédia, estão sendo investigados por lavagem de dinheiro devido às doações irregulares feitas pelo governo da Venezuela na campanha de 2006 e pela Odebrecht nas eleições de 2011, quando o ex-presidente venceu o pleito.
Em comunicado, o Partido Nacionalista, fundado por Humala, afirmou que nunca recebeu dinheiro da Odebrecht e nem de nenhuma empresa relacionada com a construtora brasileira.
O partido afirmou que as informações divulgadas pelo “IDL-Reporteros” entram em “graves contradições” com as declarações dadas anteriormente pelo próprio Marcelo Odebrecht e também por Jorge Barata, ex-gerente da construtora no Peru.
As datas dos pagamentos, segundo o Partido Nacionalista, não coincidem com os depoimentos dados por Barata. Além disso, a legenda diz que a empresa de Monteverde é ligada ao ex-presidente Alan García e a funcionários de seu governo investigados por receberem propina.
“Denunciamos que esta série de contradições e supostas provas que Marcelo Odebrecht teria apresentado no Brasil têm como único objetivo transformar em crime uma inexistente doação de campanha”, indicou o Partido Nacionalista no comunicado.
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