Marina Silva critica demissão de diretor do Inpe: ‘Mordaça’
Ricardo Galvão foi exonerado nesta sexta (2) após polêmicas com o governo sobre dados de desmatamento
A ex-ministra do Meio Ambiente e candidata à Presidência nas últimas eleições Marina Silva chamou de “mordaça” a demissão do diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão. O engenheiro foi exonerado do cargo nesta sexta (2) após uma série de ataques do presidente Jair Bolsonaro.
“Bolsonaro tenta destruir uma instituição de 50 anos de existência, tentando impor a lei da mordaça e do autoritarismo”, escreveu a ex-ministra nas redes sociais. “O diretor do INPE não foi demitido por incompetência. Está sendo demitido por sua extrema competência, altivez e por dirigir uma instituição de Estado que prima pelo interesse público e não se acovardou diante das ameaças da tríade (Ricardo Salles, General Augusto Heleno e Bolsonaro), que se levantou para intimidar e desmoralizar a instituição.”
O diretor do INPE, Ricardo Galvão, foi demitido por sua competência, altivez e por dirigir uma instituição que não se acovardou diante das ameaças infundadas da tríade (Ricardo Salles, Gen. Augusto Heleno e Bolsonaro). O ataque ao INPE é o ataque à ciência e ao interesse público! pic.twitter.com/1CJNOBhLcx
— Marina Silva (@MarinaSilva) August 2, 2019
Há cerca de duas semanas, o governo tem questionado os dados do Inpe de que o desmatamento na Amazônia teria crescido 88% em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado. Bolsonaro chegou a dizer que o diretor do instituto estaria trabalhando para ONGs interessadas em “atrapalhar” os negócios do Brasil no exterior.
Galvão criticou a postura de Bolsonaro, ressaltando a credibilidade internacional do instituto e enfatizando que o presidente precisava entender que não pode falar em público “como se estivesse em um botequim”. Ontem (1), o presidente organizou uma coletiva de imprensa para desmentir as informações do órgão e sugeriu a demissão.
Nesta sexta, o pesquisador de 71 anos foi exonerado do cargo. Ele estava no Inpe desde 1970 e cumpriria mandato à frente do órgão até 2020. “Diante da maneira como eu me manifestei com relação ao presidente, criou um constrangimento, ficou insustentável”, disse.
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