Militar indicado pelo Centrão é nomeado para comando da Funasa
Em nova parceria entre militares e políticos do Centrão, o governo federal trocou o comando da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e nomeou nesta sexta-feira (29) o comandante da Polícia Militar de Minas Gerais, coronel Giovanne Gomes da Silva, para a presidência do órgão.
O nome foi uma indicação do deputado Diego Andrade (PSD-MG), em negociação capitaneada pelo presidente da sigla, o ex-ministro Gilberto Kassab.
A ala militar do Palácio do Planalto, até então crítica à chamada “velha política”, tem negociado a entrada de partidos do bloco no governo. Os acordos, com aval do presidente Jair Bolsonaro, têm sido capitaneados pelo ministro-chefe da Secretaria de Governo e general da ativa, Luiz Eduardo Ramos.
O ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Braga Netto, eventualmente participa das conversas que ocorrem dentro do Palácio do Planalto.
O coronel Silva entra no lugar de Marcio Sidney Sousa Cavalcante, exonerado nesta sexta e que estava no posto desde o dia 9 de março. A Funasa é responsável por obras de saneamento básico em todo País. O órgão tem orçamento de R$ 3,13 bilhões para 2020.
Em live nas redes sociais na quinta, Bolsonaro reconheceu que negocia distribuição de cargos com partidos. “A imprensa sempre reclamou de mim que eu não tinha diálogo, que não conseguia atingir a governabilidade. De dois meses para cá eu decidi que tinha que ter uma agenda positiva para o Brasil, e comecei a conversar com os partidos de Centro também. Em nenhum momento nós oferecemos ou eles pediram ministérios, estatais ou bancos oficiais”, disse o presidente.
Além da Funasa, Bolsonaro já entregou o comando do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) ao Progressistas e a secretaria de Mobilidade Urbana do Ministério do Desenvolvimento Regional ao PL.
O PSD integra o Centrão, mas há resistências internas sobre o apoio ao governo Bolsonaro. “Respeito a decisão da maioria do PSD da Câmara de aliar-se ao governo federal. Peço, porém, que respeitem a minha posição no sentido de não concordar com essa postura”, escreveu o deputado Fábio Trad (PSD-MS) no Twitter, nesta sexta. “Eu não acredito em um governo que hostiliza a democracia. Continuarei independente e crítico em favor do país.”
Andrade, padrinho da indicação na Funasa, é sobrinho do ex-senador Clésio Andrade, condenado no chamado mensalão mineiro, esquema que levou à cadeia o ex-governador de Minas Eduardo Azeredo (PSDB).
Nomeação no Ministério da Saúde
Ainda nesta sexta foi nomeado o segundo-tenente do Exército Vilson Roberto Ortiz Grzechoczinski como coordenador distrital de Saúde Indígena no Distrito Sanitário Especial Indígena Potiguara da Secretaria Especial de Saúde Indígena. Ele assume o cargo em substituição a Helena Aguiar Rodrigues. Desde o mês passado, o governo vem nomeando servidores militares em cargos estratégicos do Ministério da Saúde.
A primeira nomeação de destaque foi a do general Eduardo Pazuello, que inicialmente assumiu o cargo de secretário-executivo do ministério na gestão do então ministro Nelson Teich. Com a saída de Teich do governo, no último dia 15, Pazuello se tornou o ministro interino da pasta.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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