Moradores do Alemão protestam após morte de menina de 8 anos
De acordo com relatos, tiro teria sido disparado por militares da UPP
Moradores do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, participaram de protestos neste sábado (21) após a morte da menina de 8 anos de idade, Ágatha Félix, atingida por um tiro disparado por militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
Eles pediam pelo fim da violência nas comunidades. De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública divulgados nesta quinta-feira (19), as mortes em que há intervenção de um agente do estado, como policiais, aumentaram neste ano no Estado em relação a 2018. No ano passado, foram 1.075 casos nos primeiros oito meses. Já neste ano, o número chegou a 1.249, representando um aumento de 16,2%.
“Nós não vamos nos calar, vamos seguir em frente, é pela Ágatha, é por tantos mortos, só esta semana foram cinco mortos. Nossa luta continua até esta covardia parar”, disse um dos manifestantes. As pessoas também pediam a saída das UPPs das comunidades. Em maio, o professor de jiu-jitsu Jean Rodrigues da Silva Aldrovande também foi vítima de uma bala perdida na Fazendinha, no Complexo do Alemão.
Nas redes sociais, diversos protestos foram direcionados ao governador Wilson Witzel. A #ACulpaEDoWitzel chegou em primeiro lugar aos trend topics do Twitter.
Polícia diz que revidou agressão
Segundo testemunhas, Ágatha estava dentro de uma kombi na comunidade, acompanhada da avó, quando foi atingida com um tiro nas costas. A menina foi levada às pressas para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas não resistiu ao ferimento.
De acordo com relatos de moradores pelas redes sociais, o tiro teria sido disparado por militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), que atiraram contra ocupantes de uma motocicleta em fuga.
Em nota, a Polícia Militar informou que, por volta das 22h desta sexta, (20), equipes policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Fazendinha, que estavam baseadas na esquina da Rua Antônio Austragésilo com a Rua Nossa Senhora, foram atacadas de várias localidades da comunidade de forma simultânea. Os policiais revidaram à agressão.
A nota diz que após o confronto, não foram encontrados feridos na varredura do local. “Na sequência, os policiais foram informados por populares que um morador teria sido ferido na localidade conhecida como Estofador”.
Uma equipe da UPP se deslocou até o Hospital Getúlio Vargas e confirmou a entrada de uma criança de 8 anos ferida por disparo de arma de fogo. A Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) vai abrir uma apuração para verificar todas as circunstâncias da ação.
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