Moro: ‘Não existe nenhum problema que não possa ser enfrentado’

  • Por Jovem Pan
  • 13/12/2018 19h30 - Atualizado em 13/12/2018 20h00
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Mateus Bonomi/Estadão Conteúdo Futuro ministro disse que pretende fazer "mais com menos" no combate a crimes

O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, disse nesta quinta-feira (13) que “não existe nenhum problema que não possa ser enfrentado”. Na TV, o ex-juiz federal da Operação Lava Jato afirmou que pretende combater crimes com investigações eficazes, isolamento de líderes de facções e confiscos. Ele assume o novo cargo em janeiro.

“O crime organizado cresceu no país”, avaliou, em entrevista à Band. “Nós talvez não tivéssemos um problema tão grande 10 anos atrás. As agências [de segurança] não despertaram para essa questão, mas não existe nenhum problema que não possa ser enfrentado”, disse, após comparar a situação do País com o combate à máfia italiana.

“Houve uma certa omissão em enfrentar esse problema de uma maneira mais eficaz, houve iniciativas muito tímidas.” Com carta branca do presidente eleito Jair Bolsonaro, Moro pretende combater “a grande corrupção, o crime violento e o crime organizado” fazendo “mais com menos”, tendo em vista a crise econômica que atinge o Brasil.

Para ele, o investimento em apurações melhores, apreensão de materiais e dinheiro envolvido em crimes e isolamento de líderes de quadrilhas “é uma fórmula universal” que deve ser foco da Polícia Federal e da pasta, que adotará modelos de força-tarefa, como na Lava Jato. “A dificuldade é o planejamento e a execução dessas tarefas, isso envolve riscos.”

O risco a que Sérgio Moro se refere é o de morte. Nesta semana, policiais apreenderam no interior de São Paulo cartas do Primeiro Comando da Capital (PCC) que indicavam a intenção de matar o promotor Lincoln Gakiya, membro do Ministério Público que atua há anos no combate à facção. O futuro ministro, entretanto, não disse se teme pela própria vida.

Reorganização

A reorganização do sistema de administração da segurança pública brasileira deve ser um dos focos da gestão do ex-juiz. “No caso da intervenção federal no Rio de Janeiro, fizeram um grande trabalho [nesse sentido], que renderá frutos mais adiante.” Para fazer isso, ele escalou o general Guilherme Theophilo, candidato derrotado do PSDB ao governo do Ceará.

O militar comandará a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) a partir do ano que vem. “A minha expectativa é que ele consiga fazer uma coisa parecida, respeitando a autonomia dos estados.” Na semana passada, em entrevista à Jovem Pan, o general relevou que pretende padronizar procedimentos das polícias de todo o País.

Expectativas

O futuro ministro afirmou ter notado otimismo com sua gestão. “Mas não quero gerar falsas expectativas. As pessoas pensam que em janeiro vai mudar tudo”, disse, ao indicar que mudanças – especialmente legislativas – não serão tão rápidas. “Se existem grandes expectativas, existem também grandes responsabilidades.”

O ex-juiz ainda afirmou que se vê como “um técnico indo para uma posição que tem encargo político” e que não acredita ter a mesma vocação de Bolsonaro. “Não seria tão simples eu me tornar presidente. Precisa ter vocação. Todo mundo é, em certa medida, político. Mas uma coisa diferente é política partidária. Não me vejo ingressando nessa política.”

Álibi

Acusado pelo PT de ser parcial no julgamento de Luiz Inácio Lula da Silva, Moro alegou que isso foi uma estratégia dos advogados de defesa. “Não houve perseguição política, isso é um álibi. Eu não tenho nada contra o ex-presidente, que fez até coisas boas na sua gestão. Ter condenado ele não é um bônus, é um ônus. Nenhum juiz tem prazer em condenar alguém.”

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