Mulheres dedicam o dobro de horas do que os homens a afazeres domésticos

  • Por Jovem Pan
  • 26/04/2019 15h12 - Atualizado em 26/04/2019 15h13
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Antônio Cruz/Agência Brasil Afazeres mais trabalhosos, como fazer faxina, lavar ou cozinhar, ainda estão muito sob a responsabilidade da mulher, assim como cuidar das crianças

Segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres no Brasil dedicam, ainda, o dobro de tempo do que os homens na realização de afazeres domésticos e cuidados com pessoas. A sondagem revelou que elas gastam em torno de 21 horas semanais, contra 10 deles.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) abrange afazeres domésticos, cuidados com pessoas, trabalho voluntário e produção para o próprio consumo, categorias definidas como outras formas de trabalho pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) durante conferência internacional, em 2013.

A pesquisa revelou que a taxa de realização de afazeres domésticos no próprio domicílio ou na casa de parente foi maior em 2018 para as mulheres, tanto ocupadas (95%), como não ocupadas (90%), do que para homens ocupados (82,6%) e não ocupados (70,7%).

De acordo com a economista Maria Lúcia Vieira, gerente da PNAD, “o papel desempenhado e a quantidade de horas que a mulher e o homem dedicam a essas atividade ainda são bastante diferenciados. A gente vê que afazeres talvez mais trabalhosos, como fazer faxina, lavar ou cozinhar, ainda estão muito sob a responsabilidade da mulher, assim como cuidar da criança e das necessidades básicas dela de comer, de tomar banho ou estudar”.

Os homens preferem ocupações mais periféricas, como arrumar domicílio e garagem, limpar o jardim ou fazer pequenos reparos. Entretanto, Maria Lúcia mostrou otimismo. “Eu vejo melhora. Mas ainda há uma diferença de papel”.

Preparar ou servir alimentos teve taxa de 60,8% para os homens, em 2018, e 95,5% para as mulheres. A gerente da PNAD chamou a atenção para o fato de que vem crescendo o percentual de homens e de mulheres que realizam afazeres domésticos. Em 2016, eram 61,9% dos homens que faziam essas tarefas, e em 2018, esse número subiu para 78,2%. Entre as mulheres, o índice apurado em 2016 era 89,8% e passou para 92,2% na mesma comparação. Os dois grupos por sexo tiveram aumento, “principalmente entre os homens, porque menos faziam”, disse Maria Lúcia.

Os Estados onde essa diferença entre homens e mulheres é menor são o Amapá e o Distrito Federal: 6 pontos percentuais e 6,6 pontos percentuais, respectivamente.

No Distrito Federal, a taxa de pessoas que realizam afazeres domésticos no próprio domicílio ou em casa de parentes é 91,9%, sendo que 88,3% dos homens cumprem afazeres domésticos, contra a média brasileira de 78,2%. Em relação a mulheres que fazem tarefas em casa, a média brasileira ficou em 92,9%.

Maria Lúcia afirmou que esse alto percentual no Distrito Federal está relacionado com o grau de escolaridade, idade e renda. “Quanto mais escolarizado, mais afazeres domésticos faz. E essa é uma região bastante escolarizada”, disse.

A média brasileira foi 82,2% para pessoas sem instrução, 84,6% para pessoas com ensino fundamental completo, 88% para ensino médio completo e 90% para curso superior completo. Na mesma classificação, os números do DF atingiram 89,1%, 90,6%, 92,8% e 93,6%.

A população que mais realiza afazeres domésticos está na faixa etária de 25 a 49 anos de idade, considerada bem inserida no mercado de trabalho. Em 2018, essa faixa etária apresentou taxa de 89,4% no país. O número foi bem elevado também para pessoas com 50 anos ou mais (86,2%), caindo para o grupo de 14 a 24 anos de idade (76,4%).

* Com informações da Agência Brasil

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