‘Não entrei no governo para servir a um mestre’, diz Moro à revista Time
‘Entrei para servir ao país, à lei’, disse o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou em entrevista à revista americana Time que “não entrou no governo para servir a um mestre”. A entrevista com Moro foi publicada nesta quinta-feira (21) no site da revista.
“Não entrei no governo para servir a um mestre. Entrei para servir ao país, à lei”, disse Moro.
Moro deixou o governo em abril fazendo acusações de interferência política por parte do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal (PF). As acusações são alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), cuja relatoria está com o ministro Celso de Mello.
Na entrevista, Moro é questionado sobre a gestão do governo federal diante da pandemia do novo coronavírus, que já é o terceiro país com mais casos da Covid-19, e afirmou que se sentia “desconfortável” em fazer parte de um governo que não leva o vírus à sério. “Mas meu foco está no estado de direito”, disse à publicação.
A revista relembra os anos de Moro à frente dos julgamentos da Operação Lava Jato como juiz federal da 13ª Vara de Curitiba, no Paraná, e a condenação proferida por ele ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2017.
Ao ser questionado sobre a noção de corrupção do atual governo, Moro responde que “é difícil avaliar” e que o desejo da população brasileira em manter a democracia “continua, apesar das circunstâncias do momento”.
“O Brasil é uma democracia firme. Suas instituições às vezes sofrem alguns ataques, mas estão funcionando. E há uma percepção crescente na opinião pública de que precisamos fortalecer os pilares da nossa democracia, incluindo o Estado de Direito. Esses desejos continuam, apesar das circunstâncias do momento”, disse.
O ex-ministro diz ainda que sua intenção não era “prejudicar o governo”. “Mas eu não me sentiria confortável com minha consciência sem explicar por que estava saindo.”
Ao detalhar os motivos de sua saída, Moro afirmou que Bolsonaro queria nomear Alexandre Ramagem para a diretoria-geral da PF sem motivos; a alegação levou o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, a suspender a nomeação de Ramagem.
O ministro Celso de Mello deve decidir pela publicidade total ou parcial do vídeo de uma reunião interministerial realizada no dia 22 de abril, que tem sido apontada pelo ex-ministro como uma das principais provas da tentativa de interferência na PF, até esta sexta.
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