Nenhum país entende mais sobre novo coronavírus que a China, diz secretário

  • Por Jovem Pan
  • 21/03/2020 20h24 - Atualizado em 21/03/2020 20h26
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Sebastiao Moreira/EFE Ministério da Saúde concedeu entrevista coletiva nesse sábado

Wanderson Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, afirmou neste sábado que o Brasil mantém contato direto com a China sobre o combate ao coronavírus, assim como outros países que enfrentam a pandemia. “Nenhum país entende mais sobre a Zika que o Brasil. E nenhum país entende mais sobre o novo coronavírus que a China”, disse.

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, reforçou a recomendação para que se evite aglomeração de fiéis em templos religiosos e igrejas. “Se recomendamos cuidado sobre a quantidade de pessoas em um elevador, recomendamos que não haja nem missas e nem cultos. A igreja e o templo podem permanecer abertos, mas a recomendação é que não haja eventos”, respondeu.

Wanderson Oliveira explicou ainda as diferenças entre distanciamento social e quarentena. “O distanciamento é uma medida não farmacológica, é uma estratégia que não usa vacina e nem medicamento para controlar a doença. Já a quarentena é o ato administrativo previsto em lei para controlar o surto”, afirmou.

Segundo ele, empresas de vários setores, como moda e indústria, fizeram doações para contribuir com o Ministério. Além disso, hotéis estão oferecendo espaços para acomodar pacientes. “Esse conjunto de ofertas está sendo consolidado e vamos dar transparência”, disse.

Subnotificação

O secretário explicou que a subnotificação dos casos se deve ao fato de que os primeiros sintomas da doença são semelhantes aos de outras, como os causados pelo vírus da gripe, o influenza. “Subnotificação é característica dessa doença para casos leves”, disse.

A síndrome respiratória aguda grave possui sistema de notificação compulsória, segundo ele. Os sintomas são tosse, febre e baixa oxigenação, mas nem sempre são imediatamente notificados como suspeita de coronavírus.

Questionado pelo caso do hospital Santa Maggiore, da rede Prevent Senior, em São Paulo, que concentra casos de morte por novos coronavírus, ele afirmou que todos os óbitos serão investigados.

“Estamos no início do outono, com circulação maior de outros tipos de vírus. Em muitos casos, os primeiros sinais e sintomas estão muito parecidos”, afirmou. “O número de óbitos e casos ainda não representa a realidade da circulação do vírus, pois estamos no início da curva epidêmica.”

O governo está estabelecendo um protocolo para o teste e o uso de cloroquina e hidroxicloroquina no combate ao vírus, mas em situações específicas. “Não será para casos leves, mas sim em casos graves, pela equipe do hospital. Se mostrando eficaz no tratamento da Covid-19, faremos alteração em bulas. Mas o aumento da produção de cloroquina e hidroxicloroquina vem em boa hora. Mesmo que não sirva para a Covid-19, vamos continuar usando para o tratamento de outras doenças”, completou.

Conforme o secretário, a indústria mundial está sendo demandada a aumentar a quantidade de testes do Covid-19, mas não tem conseguido suprir a demanda. “Ainda assim, conseguimos 5 milhões de novos testes rápidos que chegarão nos próximos dias. Mas não temos testes para todo mundos. Esses testes serão priorizados para unidades básicas de saúde”, afirmou.

Segundo Oliveira, o custo é de R$ 75 por teste. “Procuramos os testes mais eficientes e com menor custo, mesmo com a escassez mundial. Temos parceiros com acesso a fornecedores internacionais, e esperamos conseguir os testes com recursos de doações. Se não for possível, usaremos recursos do orçamento”, completou.

Na entrevista, ele afirmou ainda que o governo irá implementar “drive-thrus” de testagem , a exemplo do que foi feito pelo governo da Coreia do Sul. Ainda sim, pacientes assintomáticos não serão testados.

* Com Estadão Conteúdo

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