Operador de Cabral reclamava de acordar cedo ‘só’ para levar propina

  • Por Jovem Pan
  • 10/11/2018 17h30 - Atualizado em 10/11/2018 17h31
Agência Brasil Sergio Cabral é réu em mais de 30 ações que tramitam na Justiça do Rio e do Paraná O operador financeiro do esquema de corrupção atribuído a Sérgio Cabral (foto) deu detalhes de como funcionava a entrega de dinheiro

O operador financeiro do esquema de corrupção atribuído ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB) revelou detalhes aos investigadores de como funcionavam os encontros em que o ex-procurador-geral de Justiça Cláudio Lopes pegava dinheiro. Segundo ele, cada reunião ‘durava, no máximo, 20 minutos’.

Sérgio de Castro Oliveira, o ‘Serjão’, preso na quinta-feira (8), foi além. Ele contou que o ex-secretário de Governo Wilson Carlos ‘reclamava de ter que acordar cedo só para ir ao Palácio Laranjeiras entregar o dinheiro ao Cláudio Lopes’. Laranjeiras é a residência oficial do chefe do Executivo fluminense.

Sérgio Cabral, Cláudio Lopes, Wilson Carlos e ‘Serjão’ foram denunciados, no início de outubro, pelo procurador-geral de Justiça em exercício, Ricardo Ribeiro Martins. O ex-governador do Rio, Wilson Carlos e ‘Serjão’ são acusados de corrupção ativa Cláudio Lopes foi denunciado por associação criminosa, corrupção passiva e quebra de sigilo funcional.

Serjão ‘confessou ter participado de pagamentos de propina’ a Cláudio Lopes entre o final de 2008 e o final de 2012. Ele declarou que ‘a ida de Wilson Carlos ao Palácio Laranjeiras se dava exclusivamente para encontrar com Cláudio Lopes e repassar a ele o dinheiro’. Segundo o operador, ‘logo que isto acontecia, Cláudio Lopes ia embora e, em seguida Wilson Carlos também saía’

“Os encontros entre Wilson Carlos e Cláudio Lopes, quando da entrega do dinheiro, duravam, no máximo, 20 minutos; que Wilson Carlos, em várias ocasiões disse ao depoente que o dinheiro era destinado à propina e também reclamava de ter que acordar cedo só para ir ao Palácio Laranjeiras entregar o dinheiro ao Cláudio Lopes”, contou.

O operador relatou que tinha “a função de transportar valores destinados ao pagamento de propina a diversos destinatários, dentre eles o investigado no presente procedimento, dr. Cláudio Soares Lopes, procurador de Justiça do Ministério Público do Estado do Rio”.

De acordo com Serjão, “o pagamento dos valores ao procurador Cláudio Soares Lopes começou a acontecer entre os meses de setembro e outubro de 2008′. O aliado de Sérgio Cabral declarou que ‘foi comunicado pelo então secretário Wilson Carlos que o ‘esquema’ ajudaria Cláudio Soares Lopes na eleição que aconteceria no Ministério Público ao final daquele ano”.

“Wilson Carlos disse ao depoente que havia duas chapas concorrendo e que eles ajudariam a do Dr. Cláudio Soares Lopes, com pagamento mensal para auxiliar nas despesas da companha; que, a partir de então, o depoente, nos dois primeiros meses, levou ao gabinete de Wilson Carlos no Palácio Guanabara a quantia de R$ 50 mil em cada uma das ocasiões, para que fosse entregue ao dr. Cláudio Lopes”, narrou.

“Nestas duas primeiras ocasiões a entrega se deu no Palácio Guanabara, no gabinete de Wilson Carlos; que a terceira remessa, ainda de R$ 50 mil, aconteceu no Palácio Laranjeiras; que a mudança para o Palácio Laranjeiras foi justificada por Wilson Carlos ao depoente por ser um lugar mais discreto; que a presença de Cláudio Lopes mensalmente no Palácio Guanabara despertaria muita atenção.”

‘Serjão’ disse que ‘levou, por três vezes, a quantia de R$ 50 mil para ser entregue a Cláudio Lopes, as duas primeiras no Palácio Guanabara e a terceira no Palácio Laranjeiras’. O operador contou que ‘estranhou que, sendo a verba destinada à campanha eleitoral, os pagamentos prosseguiram com periodicidade mensal durante os dois mandatos de Cláudio Lopes à frente do Ministério Público’.

“Depois que o depoente fez a entrega do dinheiro para a campanha, percebeu que havia alguma coisa errada com o prosseguimento dos pagamentos, como já dito, durante todo o período dos mandatos de Cláudio Lopes; que após a terceira remessa do dinheiro destinado à campanha, os pagamentos continuaram, mas passaram a vir em envelopes fechados, muitas vezes com indicação de MP ou MPB, esta última para disfarçar a destinação”, afirmou.

*Com informações de Estadão Conteúdo.

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