PF deflagra operação histórica contra lavagem de dinheiro do tráfico de drogas

Com atuação de cerca de 670 agentes, a Operação Enterprise apreendeu R$ 400 milhões em bens do narcotráfico e 50 toneladas em cocaína

  • Por Jovem Pan
  • 23/11/2020 10h37 - Atualizado em 23/11/2020 11h51
LEANDRO FERREIRA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Policial federal Polícia Federal e o Ministério Público Federal deflagram segunda fase da Operação Tergiversação

Em ação conjunta com a Receita Federal, a Polícia Federal (PF) deflagrou nesta segunda-feira, 23, a Operação Enterprise, considerada a maior ação do ano no combate à lavagem de dinheiro do tráfico internacional de drogas, com apreensão de aproximadamente R$ 400 milhões em bens do narcotráfico em aeronaves, imóveis e veículos de luxo. A operação também é considerada a maior da história na retenção de cocaína nos portos brasileiros, com mais de 50 toneladas de cocaína apreendidas nos portos do Brasil, Europa e da África. Ao todo, cerca de 670 policiais federais e mais 30 servidores da Receita Federal cumprem 151 mandados de busca e 66 mandados de prisão em 10 estados brasileiros, sendo eles: Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Bahia e Pernambuco.

Segundo a Polícia Federal, os criminosos utilizam “laranjas” e empresas fictícias para operar esquema de lavagem de bens e ativos multimilionários no Brasil e no exterior. De acordo com a PF, como continuidade das ações de cooperação internacionais, foram expedidas “difusões vermelhas na Interpol para a prisão de oito investigados que estão no exterior, bem como a identificação e sequestro de bens em outros países”, também desdobramentos da Operação Enterprise, cujo nome faz alusão à dimensão da organização criminosa investigada, que atua como um grande empreendimento internacional na lavagem de dinheiro e exportação de cocaína, o que “trouxe alto grau de complexidade à investigação policial”.

O chefe do escritório de pesquisa e investigação da 9ª região fiscal, Edson Shinya Suzuki, citou a importância da operação conjunta entre a Receita Federal e a Polícia Federal para combate as organizações criminosas que “estão cada vez mais especializadas”. “Atuando nos moldes que temos visto de corrupção, utilizando de empresas de fachada, laranjas, esquemas complexos de lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio. Isso tem demandado um esforço cada vez maior na nossas equipes, no sentindo de agregar colegas para fazer um trabalho mais preciso e mais complexo para identificar e tratar essas organizações. O trabalho conjunto é a chave de todo o sucesso”, disse Suzuki, em entrevista coletiva, lembrando dos mais dois anos da investigação conjunta, iniciada após uma apreensão no porto de Paranaguá, em setembro de 2017.

Sérgio Luís Stinglin de Oliveira, coordenador da Operação Enterprise e chefe do Grupo de Investigações Sensíveis, detalhou os números da operação, que somam apreensão de 37 aeronaves, entre elas algumas avaliadas em US$ 20 milhões (R$ 107,8 milhões), 151 mandados de busca e apreensão, 66 mandados de prisão, veículos apreendidos, assim como 200 kg de cocaína na residência do principal investigado. Também na entrevista coletiva, o coordenador nacional de Repressão a Drogas, Armas e Facções Criminosas, Elvis Secco, lembrou o recorde de apreensões de bens patrimoniais do tráfico em 2020 e falou em “comemorar” o dia histórico para a Polícia Federal. Segundo ele, a ação, também feita em parceria com a Europol, com a alocação de um oficial da Polícia Federal no serviço de polícia europeu, levará a novos desdobramentos. “Dia histórico para a Polícia Federal, com a maior operação do ano e, com o decorrer da ação, posso dizer que será a maior operação da história em lavagem de dinheiro do tráfico internacional de drogas. É um dia para se comemorar a maior apreensão de cocaína nos portos do Brasil, Europa, África, é um dia histórico para coroar a queda de um recorde. Com os bens sequestrados e valores apreendidos, chegamos à marca de R$ 1 bilhão em sequestro patrimonial em 2020″, falou. “Orgulhe-se da instituição Polícia Federal, orgulhe-se desses resultados. Orgulhe-se de ser brasileiro”, finalizou.

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