Polícia Civil não concluiu nenhum dos casos com crianças mortas no Rio

A morte de Ágatha Félix, de 8 anos, vítima de um tiro nas costas na última sexta-feira (20), voltou a pressionar as autoridades policiais e a gestão de Wilson Witzel

  • Por Jovem Pan
  • 24/09/2019 14h01 - Atualizado em 24/09/2019 14h08
Reprodução: Redes Sociais Ágatha Felix, de 8 anos, morreu após ser atingida por uma bala perdida na última sexta-feira (20)

A Polícia Civil do Rio não concluiu as investigações nem prendeu os responsáveis de nenhum dos cinco casos de crianças supostamente mortas durante ações policiais no estado neste ano. A morte mais recente — da menina Ágatha Félix, de 8 anos, atingida por um tiro nas costas na última sexta-feira (20) — voltou a pressionar as instituições e a gestão Wilson Witzel (PSC), que menos de uma semana após o caso alterou as regras de gratificação a militares, passando a desconsiderar a redução de homicídios decorrentes de intervenções policiais.

Procurada, a Polícia Civil deu informações específicas apenas sobre as investigações relativas a Jenifer Cilene Gomes, de 11 anos, morta em fevereiro em Triagem, na zona norte do Rio. Segundo a PM, a apuração, diferentemente do que disse a família da jovem, aponta que a bala teria partido de uma troca de tiros entre facções. O caso, porém, ainda está em investigação na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).

Além dela e de Ágatha, três crianças foram mortas por balas perdidas no Rio neste ano. O caso de Kauan Peixoto, de 12 anos, está na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, que “continua investigando o crime”; o de Kauan Rozário, de 11, cabe à 34ª DP (Bangu); e o de Kauê Ribeiro dos Santos, de 12, teve registro feito na 27.ª DP, em Vicente de Carvalho.

Os episódios têm em comum o fato de as famílias acusarem a PM de cometer os crimes. “Minha neta estava armada por acaso para poder levar um tiro?”, disse Aílton Félix, avô de Ágatha. A corporação afirma que os policiais militares da UPP Fazendinha, no Complexo do Alemão, foram atacados e tiveram de revidar.

Nesta segunda (23), um protesto contra a política de segurança de Witzel reuniu centenas de pessoas na Assembleia Legislativa. A tia de Ágatha, Daniele Félix participou do ato. “Estamos aqui para cobrar Justiça. Que este caso não seja mais um na estatística de bala perdida dentro da comunidade”, disse. “Ágatha era uma menina linda de 8 anos que estudou a manhã inteira, foi passear com a mãe à tarde e estava a cinco minutos de casa”, finalizou.

Ministério Público

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, braço do Ministério Público Federal, encaminhou nesta segunda ao Conselho Nacional do MP e à Procuradoria-Geral de Justiça do Rio um ofício no qual defende a investigação da morte de Ágatha pelo Ministério Público da capital.

Segundo a Procuradoria, isso atenderia à determinação de que graves violações dos direitos humanos no contexto de intervenções policiais fiquem sob responsabilidade de autoridade judicial ou do MP.

*Com informações do Estadão Conteúdo 

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