Polícia suspeita que PCC ou PMs afastados estejam envolvidos em morte de ex-delegado

Ruy Ferraz Fontes foi um dos maiores inimigos da facção criminosa, responsável pela prisão de Marcola; como delegado-geral, determinou o afastamento de agentes suspeitos de envolvimento em crimes

  • Por Jovem Pan
  • 16/09/2025 11h20 - Atualizado em 16/09/2025 11h25
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Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo Movimentação policial na Avenida Doutor Roberto de Almeida Vinhas, em Praia Grande, no litoral sul de São Paulo, onde o ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes foi assassinado Movimentação policial na Avenida Doutor Roberto de Almeida Vinhas, em Praia Grande, no litoral sul de São Paulo, onde o ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes foi assassinado

A Polícia Civil de São Paulo investiga o assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, de 68 anos, executado a tiros na noite de segunda-feira (15) em Praia Grande, no litoral paulista. O crime mobilizou uma força-tarefa que reúne Polícia Federal, Ministério Público (Gaeco), DHPP, Deic, Garra, DOP, COEs e a Polícia Militar. Câmeras de segurança registraram o momento em que criminosos perseguiram o carro da vítima, que colidiu com um ônibus. Em seguida, os assassinos desceram de outro veículo e dispararam mais de 20 vezes. Um dos carros usados pelos bandidos foi encontrado incendiado.

Duas principais linhas de investigação são analisadas. A primeira apura a participação do Primeiro Comando da Capital (PCC), já que Fontes teve papel central no combate à facção e participou da prisão de seu líder, Marcola. Desde 2006, ele era jurado de morte pelo grupo criminoso, segundo o promotor Lincoln Gakiya, que lembrou ainda que, em 2010, um plano do PCC para executá-lo foi frustrado.

A segunda hipótese considera o envolvimento de policiais militares afastados por corrupção durante sua gestão na chefia da Polícia Civil. Investigadores avaliam se o crime pode ter sido uma retaliação por essas medidas.

As linhas de investigação

Os investigadores trabalham com duas hipóteses principais:

  1. Envolvimento do PCC – Fontes foi um dos maiores inimigos da facção criminosa, responsável pela prisão de seu líder, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e pela estratégia que concentrou os chefes do grupo no presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau, em 2006. Essa medida foi considerada uma afronta pelo crime organizado. O ex-delegado era jurado de morte pelo PCC desde aquele período. Em 2010, ele escapou de um atentado planejado pelo grupo, frustrado após ação da Rota.

  2. Participação de policiais militares afastados – Durante sua gestão como delegado-geral, Fontes determinou o afastamento de policiais militares suspeitos de envolvimento em crimes. A polícia não descarta que o crime tenha sido uma retaliação.

Além dessas linhas, também é avaliada a possibilidade de vingança ligada ao período em que Fontes atuava como secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande, cargo que ocupava desde 2023.

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Fontes comandou a Polícia Civil entre 2019 e 2022, indicado pelo então governador João Doria (PSDB), e teve mais de 40 anos de carreira dedicados ao enfrentamento ao crime organizado. Atualmente, era secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande. O corpo do ex-delegado é velado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e sepultado às 16h desta terça-feira (16) no Cemitério da Paz, no Morumbi, zona sul da capital.

*Com informações de David de Tarso e Danúbia Braga

*Reportagem produzida com auxílio de IA

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