Crânio é achado no Museu Nacional; fóssil pode ser de Luzia

  • Por Jovem Pan
  • 04/09/2018 09h32 - Atualizado em 04/09/2018 09h36
Dornicke/Wikimedia Commons A vice-diretora ainda revelou que o detector de fumaça do museu não estava funcionando

O Corpo de Bombeiros que trabalha nos escombros do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, encontraram, na manhã desta terça-feira (4), um crânio nas ruínas. Avalia-se que a ossada seja de Luzia, o fóssil humano mais antigo da América. Especialistas analisarão o material.

O bombeiro Rafael Luz trabalhou na contenção das chamas e revelou que tentou salvar o fóssil, mas acabou machucado. Luz adentrou o museu enquanto ainda pegava fogo, abriu um armário e só encontrou um ferro “incandescente”. De acordo com o bombeiro, a alta temperatura do material derreteu a luva que ele usava para se proteger das chamas e queimou seus dedos.

“Fizemos um esforço gigantesco e conseguimos nos aproximar e abrir o armário. Ao procurar Luzia, encontrei vazio e um ferro incandescente que derreteu minha luva e queimou meus dedos. Doeu, muito. Saí da sala e chorei. De dor? Não. De frustração,” relata o soldado.

A chuva que caiu no Rio de Janeiro na madrugada desta terça-feira auxiliou o Corpo de Bombeiros a conter focos de incêndio. Mesmo assim, próximo das 6h, alguns focos voltaram a se acender.

A Defesa Civil do Rio de Janeiro informa que o local está interditado. Técnicos do órgão confirmaram que “existe um grande risco de desabamento, que pode ocorrer com a queda de trechos remanescentes de laje, parte do telhado que caiu e paredes divisórias do prédio”. Na parte de fora, a avaliação disse que “devido à espessura das fachadas, não há risco iminente”.

Por outro lado, na área externa “foram constatados problemas pontuais, como queda de revestimento, adornos e materiais decorativos (estátuas) fazendo com que a área de projeção das fachadas também permaneça isolada”.

O Museu Nacional foi consumido por um incêndio de grandes proporções na noite do último domingo (2). Cerca de apenas 10% do acervo do museu não foi consumido pelas chamas, disse a vice-diretora da instituição, Cristiana Serejo.

A vice-diretora ainda revelou que o detector de fumaça do museu não estava funcionando e que serão necessários, a princípio, R$ 15 milhões para a recuperação do museu.

“Houve o contingenciamento de um terço do valor de R$ 514 mil. Esse ano recebemos R$ 240 mil, o que é pouco”, afirmou Serejo.

O incêndio

Um incêndio atingiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa vista, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio de Janeiro, na noite deste domingo (02). A assessoria de imprensa do museu disse que não houve feridos, já que o incêndio começou após o fechamento para o público. As causas do incêndio ainda são apuradas.

O fogo teve início, aproximadamente, às 19h30, quando quatro vigilantes estavam no local. Os trabalhadores conseguiram fugir a tempo. O Corpo de Bombeiros está no local e, imediatamente, iniciou o combate ao fogo.

A Polícia Civil abrirá um inquérito e deverá passar o caso para a Delegacia de Repressão à Crimes de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da Polícia Federal avaliar se o incêndio foi criminoso.

De acordo com testemunhas que estavam no local, o Corpo de Bombeiros teve dificuldade para puxar água para combater as chamas.

Funcionários e pesquisadores do Museu Nacional se juntaram aos bombeiros para ajudar na diminuição do fogo. A intenção era guiar o Corpo de Bombeiros até salas da instalação que contém produtos químicos inflamáveis usados para conservar animais raros.

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