Presidente da Natura vai depor na CPI das ONGs

Colegiado quer saber se empresa de cosméticos contrata indígenas para coleta de sementes e sobre atuação da Cooperativa Mista da Flona do Tapajós; oitivas ainda não foram agendados e devem ocorrer só após o recesso parlamentar

  • Por Brasília
  • 12/07/2023 15h13 - Atualizado em 12/07/2023 17h24
Divulgação/Natura Presidente da Natura João Paulo Brotto Gonçalves Ferreira é o presidente da Natura

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura as ações das ONGs na Amazônia deverá ouvir o presidente da Natura, João Paulo Brotto Gonçalves Ferreira, e a presidente do Conselho Diretor do Instituto Socioambiental, Déborah de Magalhães Lins, de acordo com requerimentos aprovados nesta semana. Os depoimentos ainda não foram agendados e somente devem ocorrer após o recesso parlamentar. As convocações, segudno os parlamentares, são necessárias para prestar esclarecimentos a respeito de supostas contratações irregulares de indígenas em suas produções. Quanto à Natura, a CPI quer saber se a empresa de cosméticos limita as operações que envolvem coleta de copaíba, andiroba e outros produtos por trabalhadores vinculados à Cooperativa Mista da Flona do Tapajós (Coomflona).

A Natura também deverá esclarecer se contratou indígenas para o trabalho de coleta de sementes, sem horas de trabalho definidas ou condições climáticas para o exercício das atividades. Suspeita-se que o pagamento aos indígenas contratados seria no valor de uma diária de R$ 3. Também foram convidados Bruce Albert, antropólogo francês e fundador da ONG Comissão Pró-Yanomami, e Jailson Reis de Mesquita, fundador do Movimento Garimpo é Legal; e Benjamin Benzaquen Sicsu, presidente do Conselho Administrativo da Fundação Amazônia Sustentável. Em nota enviada ao site da Jovem Pan, a assessoria de imprensa da Natura afirma que o relacionamento da empresa com comunidades fornecedoras “é baseado no respeito às pessoas e à natureza, premissas fundamentais de nosso modelo de negócio na Amazônia há mais de 20 anos”. “Seguros de nossa atuação ética e transparente com comunidades fornecedoras na Amazônia, prestaremos os esclarecimentos necessários”, diz outro trecho do comunicado.

Confira a íntegra da nota enviada pela assessoria de imprensa da Natura à Jovem Pan: 

A Natura mantém relacionamento comercial com a Cooperativa Mista da Flona do Tapajós (Coomflona) desde 2019 para o fornecimento de amêndoas secas de andiroba. O trabalho de coleta da matéria-prima envolve cerca de 70 famílias e ocorre na área de manejo florestal comunitário da Flona do Tapajós, conforme previsto no Plano de Manejo da Unidade de Conservação, gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Em 2022, o valor pago à Coomflona pelo quilo de matéria-prima foi aproximadamente 70% maior que o preço mínimo estipulado pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab). A Natura também investe na capacitação e transferência de tecnologia para que as comunidades possam prosperar e fortalecer seus negócios, independentemente do contrato estabelecido com a empresa.

O relacionamento da Natura com comunidades fornecedoras é baseado no respeito às pessoas e à natureza, premissas fundamentais de nosso modelo de negócio na Amazônia há mais de 20 anos. Toda a cadeia produtiva da andiroba é certificada pela União para o Biocomércio Ético (UEBT – The Union for Ethical BioTrade), que avalia as medidas de conservação da biodiversidade, boas práticas de produção e o respeito aos direitos humanos, incluindo o compartilhamento justo e equitativo dos benefícios e condições seguras de trabalho para as comunidades de sua cadeia produtiva.

Seguros de nossa atuação ética e transparente com comunidades fornecedoras na Amazônia, prestaremos os esclarecimentos necessários.

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