Primeira vítima da tragédia de Brumadinho é enterrada: ‘Completamente sem chão’, diz mãe

  • Por Jovem Pan
  • 27/01/2019 15h34
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Reprodução/Facebook A médica Marcelle Porto Cangussu foi a primeira vítima identificada da tragédia de Brumadinho (MG)

O corpo da médica do trabalho Marcelle Porto Cangussu, de 35 anos, foi enterrado no início da tarde deste domingo (27), em Belo Horizonte, em meio a dor e emoção. Marcelle foi a primeira vítima identificada da tragédia de Brumadinho, causada pelo rompimento da barragem 1 da Vale e que deixou outros 36 mortos. Além da médica, mais 15 pessoas já foram identificadas.

Marcelle tinha completado 35 anos um dia antes de morrer e trabalhava na empresa desde 2015. Ela não estava escalada para trabalhar na sexta-feira, dia do rompimento da barragem, mas, segundo familiares, foi chamada de última hora.

Solteira, a moça não tinha filhos e gostava de passar a maioria das noites com a avó, que mora a poucas quadras de sua casa. “Morreu fazendo o que mais gostava. Estamos desolados. Completamente sem chão. A gente não se desgrudava, ela cuidava muito de mim, e eu dela. Me ligava todos os dias, perguntava como eu estava”, lamentou a mãe da jovem.

Nos primeiros momentos do desaparecimento, a mãe acreditava que Marcelle estaria ajudando as vítimas. “Eu e minha filha mais nova chegamos a pensar que, por ser médica, ela estivesse socorrendo pessoas”, contou. “Infelizmente aconteceu algo pior.”

Ainda segundo os familiares, Marcelle nunca reclamou sentir medo ou insegurança por trabalhar na mina. “O único medo que sentíamos era da estrada, pois ela dirigia cerca de meia hora para ir ao trabalho”, disse a mãe.

O tio, Denysson Porto, disse que Marcelle havia comemorado o aniversário na noite anterior em um restaurante da cidade. “Estava feliz, com os amigos, parentes. A nossa menina adorava sorrir.” No dia da tragédia, ela iria continuar com as comemorações.

“Era uma pessoa bonita, alegre demais, verdadeira. Vai deixar saudades”, contou a médica Valéria Rodrigues, amiga de Marcelle. “Uma pessoa humana, se importava com os outros, se preocupava com os amigos”, disse outro colega, Fábio Carmo.

*Com Estadão Conteúdo

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