Procurador conversou com hacker em aplicativo de mensagens, diz revista

  • Por Jovem Pan
  • 12/06/2019 16h03 - Atualizado em 12/06/2019 16h18
Reprodução/anpr.org Invasor teria afirmado ser um funcionário de empresa do ramo de Tecnologia e "não ter ideologias nem ligações partidárias"

Um hacker trocou informações na noite desta terça-feira (12) com o procurador regional José Robalinho Cavalcanti, ex-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, segundo a revista “Época”. O autodeclarado invasor se disse responsável pelo vazamento das informações de autoridades ligadas à Operação Lava Jato.

Antes de detectar que o interlocutor seria um hacker, Robalinho teria recebido uma mensagem do também procurador Marcelo Weitzel, atualmente membro do Conselho Nacional do Ministério Público. O invasor se passou pelo promotor até se identificar, logo em seguida, como o autor dos ataques.

Segundo a revista apurou, o hacker teria afirmado ser um funcionário de empresa do ramo de Tecnologia e não ter “ideologias nem ligações partidárias”. Ele também chegou a enviar um áudio para Robalinho contendo conversas entre procuradores da Lava Jato.

“Não havia nada demais no áudio. Respondi tecnicamente”, disse Robalinho, que até então pensava se tratar de Weitzel. O hacker teria tentado colher informações sigilosas do procurador, mas não obteve sucesso.

No fim da conversa, o invasor se apresentou com a frase: “Não sou o Marcelo. Sou o hacker. Quer falar comigo?”. Robalinho, então, encerrou a conversa e acionou o colega de procuradoria.

Vazamentos

No domingo, o site “The Intercept Brasil” divulgou conteúdo de supostas mensagens trocadas pelo então juiz federal Sergio Moro e por integrantes do Ministério Público Federal, como o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

As conversas mostrariam que Moro teria orientado investigações da Lava Jato por meio de mensagens trocadas no aplicativo Telegram. O site afirmou que recebeu o material de fonte anônima. O “The Intercept” tem entre seus fundadores Glenn Greenwald, americano radicado no Brasil que é um dos autores da reportagem.

De acordo com o site, há conversas escritas e gravadas nas quais Moro sugeriu mudança da ordem de fases da Lava Jato, além de dar conselhos, fornecer pistas e antecipar uma decisão a Dallagnol.

Os hackers miraram especialmente em mensagens trocadas por meio do Telegram. As vítimas, que não haviam acionado a verificação em duas etapas, recurso que adiciona camada adicional de segurança às mensagens, tiveram suas conversas violadas pelos criminosos, segundo fonte a par da investigação.

Os procuradores notificaram a Polícia Federal após um deles desconfiar de mensagem recebida por meio do aplicativo. O ataque em massa foi descoberto e começou a ser apurado pela PF.

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