Promotora Carmen Eliza pede afastamento do caso Marielle

Em nota, o Ministério Público do Rio de Janeiro e o Gaeco destacaram que os pais de Marielle Franco e a viúva de Anderson Gomes defenderam a permanência da promotora à frente do processo

  • Por Jovem Pan
  • 01/11/2019 18h33
Reprodução Marielle Franco e Anderson Gomes, assassinados em março de 2018

A promotora Carmen Eliza Bastos de Carvalho pediu afastamento voluntário do caso Marielle Franco e Anderson Gomes. Em nota, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Gaeco/MP-RJ) afirmou que o afastamento se deu após a promotora ter sua “imparcialidade questionada”.

Nesta quarta-feira (30), Carmen Eliza participou da coletiva de imprensa do MP-RJ que esclareceu que o porteiro mentiu em depoimento ao dizer que interfonou para a casa do presidente Jair Bolsonaro para liberação da entrada de Élcio de Queiroz, um dos suspeitos do assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes, em março de 2018. A informação havia sido divulgada em reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, na terça (29).

Após a coletiva, no entanto, uma foto da promotora vestindo uma camiseta em apoio a Bolsonaro passou a circular nas redes sociais. De acordo com o MP, Carmen Eliza pode “exercer sua liberdade de expressão como cidadã, nos termos do art. 5º da Constituição Federal”. A nota também reconheceu “zeloso trabalho exercido pela Promotora de Justiça”.

No entanto, Carmen Eliza se afastou após o episódio ter “alcançado seu ambiente familiar e de trabalho”. A promotora não esteve envolvida nas investigações sobre os assassinatos. “As investigações que apontaram os executores de Marielle Franco e Anderson Gomes foram conduzidas pelas Promotoras de Justiça Simone Sibilio e Letícia Emile Petriz”, esclarece a nota.

Carmen Eliza passou a atuar na ação penal em que Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são réus, a partir do recebimento da denúncia pelo 4ª Tribunal do Júri da Capital. “Sua designação foi definida por critérios técnicos, pela sua incontestável experiência e pela eficácia comprovada de sua atuação em julgamentos no Tribunal do Júri, motivos pelos quais Carmen Eliza vem sendo designada, recorrentemente, pela coordenação do GAECO/MPRJ para atuar em casos complexos”, diz o MP.

A Corregedoria-Geral do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro instaurou procedimento para análise das fotos da promotora que passaram a circular nas redes sociais. Ainda nesta sexta, o Gaeco e o MP receberam os pais de Marielle Franco, Marinete da Silva e Antônio Francisco da Silva, e a viúva de Anderson Gomes, Agatha Arnaus Reis, que defenderam a permanência de Carmen Eliza à frente do processo penal, em andamento no Tribunal de Justiça do Rio.

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