Promotoria denuncia João de Deus pela 11ª vez por abuso sexual

Ele é acusado de estuprar quatro mulheres entre 2010 e 2016 e outras sete entre 1976 e 2008

  • Por Jovem Pan
  • 02/12/2019 20h44
Ernesto Rodrigues/Estadão Conteúdo Detido desde 16 de dezembro do ano passado, João de Deus responde agora a onze denúncias por crimes sexuais e outras duas por porte ilegal de arma de fogo

O Ministério Público de Goiás apresentou mais uma denúncia contra o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, elevando para 11 o número de ações contra o líder espiritual por crimes sexuais. Desta vez, João de Deus é acusado de estuprar quatro mulheres entre 2010 e 2016 e outras sete entre 1976 e 2008 — nestes últimos casos, o crime prescreveu.

De acordo com a promotora de Justiça Renata Caroliny, as vítimas eram do Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Bahia. Nos casos prescritos, as mulheres eram de Pernambuco, Maranhão e Espírito Santo. Ao todo, o médium já foi denunciado por crimes sexuais contra 57 pessoas.

Renata Caroliny afirmou que os perfis das vítimas eram os mais diversos e envolviam mulheres que sofriam de depressão, câncer e até epilepsia e que buscavam tratamento com ele, que se aproveitava da fragilidade.

“Além de explorar a vulnerabilidade das vítimas, que já estavam cometidas por doenças muito graves, ele ainda explorava e intensificava suas vulnerabilidades fazendo ameaças espirituais”, disse. “Essas ameaças eram promessas de mal futuro que nunca se poderia provar, um mal muito grave”.

Ainda segundo o Ministério Público, o médium falou a algumas vítimas que elas teriam dificuldades de engravidar ou que já estariam sofrendo por um “trabalho espiritual” feito por outras pessoas. “Tudo isso para incutir mais medo e criar um ambiente propício para a prática de abuso sexual”, explicou a promotora.

Segundo o Ministério Público, 319 mulheres procuraram a Promotoria para denunciar João de Deus. Desse total, 194 formalizaram denúncias contra o médium. Em 87 casos, os atos prescreveram — incluindo os dois presentes na denúncia desta segunda, cujas supostas vítimas, à época do crime, eram adolescentes de 14 e 12 anos.

Prisão

Detido desde 16 de dezembro do ano passado, João de Deus responde agora a onze denúncias por crimes sexuais e outras duas por porte ilegal de arma de fogo. Em junho, a defesa do médium recorreu ao Supremo Tribunal Federal para rever sua prisão preventiva.

A defesa alegou que João de Deus, além de idoso, é portador de insuficiência coronariana, e que sua custódia “estaria fundamentada apenas no clamor público e no abalo à paz e à tranquilidade pela eventual soltura” do líder espiritual.

O caso foi analisado pelo ministro Ricardo Lewandowski, que negou a concessão de prisão domiciliar ou conversão da preventiva do médium por outras medidas cautelares alternativas.

* Com informações do Estadão Conteúdo

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