Reforma ministerial é paliativo contra impeachment, crise continua a longo prazo; entenda

  • Por Jovem Pan
  • 02/10/2015 13h52
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A presidenta Dilma Rousseff Elza Fiúza/Agência Brasil A presidenta Dilma Rousseff

Um remendo em uma calça cheia de furos. Assim é possível definir a reforma ministerial feita pela presidente Dilma Rousseff, na manhã desta sexta-feira (2).

Dez pastas foram cortadas ou agrupadas e outras duas criadas (Cidadania e Secretaria de Governo). Na prática, apenas oito pastas foram reduzidas, ou seja, o número de ministérios caiu de 39 para 31.

Para o comentarista político da Jovem Pan Marco Antonio Villa, a reforma tem um objetivo principal que é evitar o impeachment. Mas, além disso, Dilma tem à frente grandes desafios, como a aprovação de um pacote fiscal no Congresso, e a aprovação da CPMF. Dessa forma, nas palavras da presidente: foi preciso reorganizar a base. O problema é como esse trabalho foi feito. “O governo acredita que obteve algum tipo de vitória, ledo engano, se desmoralizou ainda mais”, explica Villa.

A reforma trouxe, por exemplo, o terceiro ministro da Educação em nove meses, sendo que a presidente começou o mandato dizendo que o Brasil seria uma pátria educadora. “Isso reforça a ideia de incoerência, o que é grave para a imagem do governo”, diz o professor de pós-graduação da Fundação Escola de Sociologia e Política, Jairo Pimentel. Para ele, a presidente se deixou levar pela maré. “A ação era exatamente o que o momento exigia. Ela precisou fazer isso para continuar com o apoio do PMDB e, consequentemente evitar o impeachment”, afirma. 

Para Villa, escolher os ministros de acordo com relevância política também prejudica a imagem da administração. “Nesta administração, você não é promovido por capacidade e sim se há interesse político”, diz. Para o historiador, um bom exemplo disso é a indicação do ex-governador da Bahia Jaques Wagner. Ele exerceu a função de ministro da Defesa por nove meses. “Não fez absolutamente nada. E agora será ministro da Casa Civil”, afirma Villa. 

Futuro

Apesar de trazer um “respiro”, os especialistas acreditam que somente quando a presidente colocar a casa em ordem é que ela conseguirá, de fato, deixar de lado a possibilidade de um impeachment. “Dilma terá de matar um leão por dia para se manter no governo. É impossível para ela tomar decisões de longo prazo”, afirma Pimentel.  

O comentarista da Jovem Pan é um pouco mais pessimista em relação ao futuro: “a questão é muito mais complexa, não há saída para o governo. O governo Dilma acabou, só ela não sabe”, afirma Villa.

Confira os novos ministros:

Casa Civil: Jaques Wagner (PT)

Ciência, Tecnologia e Inovação: Celso Pansera (PMDB)

Comunicações: André Figueiredo (PDT)

Defesa: Aldo Rebelo (PCdoB)

Educação: Aloizio Mercadante (PT)

Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos: Nilma Lino Gomes

Portos: Helder Barbalho (PMDB)

Saúde: Marcelo Castro (PMDB)

Secretaria-Geral: Ricardo Berzoini (PT)

Trabalho e Previdência: Miguel Rossetto (PT)

 

 

 

 

 

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