Remédios de intubação em hospitais privados podem terminar em 48 horas, diz associação

Em carta aberta, Anahp afirmou que ‘situação no setor privado atingirá o ápice nos próximos dias’; organização demanda ‘atenção urgente’ do Ministério da Saúde

  • Por Jovem Pan
  • 20/03/2021 12h22 - Atualizado em 20/03/2021 12h42
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO Entidades alertam para risco de repetição das cenas vistas em Manaus no início do ano após esgotamento de insumos Entre os remédios escassos estão anestésicos, sedativos e bloqueadores neuromusculares

A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) apontou, em carta aberta, o grave momento que enfrentam as unidades de saúde particulares devido à escassez de medicamentos fundamentais para o tratamento de pacientes contagiados pela Covid-19. De acordo com um levantamento nacional realizado pela organização, em 18 de março, alguns dos medicamentos necessários para intubação teriam o estoque médio suficiente para apenas quatro dias. Neste sábado, 20, metade deste prazo já passou. Desta forma, está estabelecida a contagem regressiva de 48 horas para o fim do estoque de medicamentos para intubação na rede privada, entre eles o anestésico propofol, o bloqueador neuromuscular cisatracurio e o Atracúrio, um relaxante muscular que facilita a intubação. Além deles, resta uma semana de estoque do remédio Rocurônio, que favorece a respiração artificial, 12 dias do indutor de sono Midazolam e 17 dias de Fenatanila, um medicamento utilizado para aliviar dores intensas.

“A situação é crítica e, se medidas urgentes não forem tomadas em âmbito nacional, mais pacientes morrerão. Entendemos a preocupação do governo em garantir os insumos necessários para a atenção aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), mas a situação do setor privado também é bastante preocupante e, certamente, atingirá o seu ápice nos próximos dias. Caso essas instituições fiquem sem as medicações necessárias para os procedimentos exigidos em pacientes acometidos pela Covid-19, a alta demanda dos hospitais privados sobrecarregará ainda mais o setor público – agravando a situação do sistema de saúde brasileiro”, registrou a Anahp. Além disso, a organização pediu “atenção urgente” dos entes públicos para a situação crítica. “Nos últimos dias, houve várias requisições, desorganizando a cadeia de suprimentos e privando hospitais dos recursos necessários já contratados para atender à crescente demanda de pacientes com a Covid-19. Assim sendo, solicitamos ao Ministério da Saúde e demais órgãos competentes atenção urgente em relação à esta questão crítica que a saúde está vivendo, colocando em risco a vida dos pacientes”.

Nesta sexta-feira, 19, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma resolução simplificando as regras de fabricação e venda dos medicamentos usados para a intubação de pacientes com Covid-19. Anestésicos, sedativos, bloqueadores neuromusculares e outras drogas hospitalares usadas para manter vivos os infectados pelo novo coronavírus estão incluídos na medida. O decreto estabelece a produção e venda imediata aos hospitais e clínicas de todo o Brasil, mesmo sem o registro sanitário. Segundo a Anvisa, a flexibilização das regras é uma saída para suprir a demanda das unidades de saúde após a alta de mortes e casos graves da doença.

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