Em reunião cordial, governadores não discutem isolamento com Bolsonaro

Encontro virtual contou com a participação de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, que falaram sobre o projeto que destina R$ 60 bilhões aos estados e municípios

  • Por Jovem Pan
  • 21/05/2020 14h32 - Atualizado em 21/05/2020 14h48
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EFE/Joedson Alves jairbolsonaro Entre os governadores, havia a expectativa que o presidente discutisse um plano de retomada econômica

Principais pontos de divergência entre o presidente Jair Bolsonaro e os governadores, as discussões sobre medidas de isolamento social e a retomada das atividades econômicas durante a pandemia do novo coronavírus ficaram de fora da reunião entre eles na manhã desta quinta-feira (21).

O encontro virtual contou com a participação dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e teve tom de cordialidade. O objetivo era discutir o impacto econômico da crise de saúde, mas pouco se falou dos quase 20 mil mortos pela Covid-19 e da curva de contaminação em ascendência: são 293.357 casos confirmados até quarta-feira.

Entre os governadores, havia a expectativa que o presidente discutisse um plano de retomada econômica e anunciasse medidas efetivas, o que não ocorreu. Em conversas reservadas, líderes dos estados reclamam que as reuniões de Bolsonaro costumam ser pouco produtivas.

Doria

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), foi o último a falar e pediu “paz” a Bolsonaro. No último encontro virtual, em março, os dois protagonizaram um bate-boca e a hostilidade seguiu nas redes sociais. Na semana passada, Bolsonaro pediu para empresários “jogarem pesado” contra o governador paulista pelo fim do isolamento social.

“Vamos em paz, presidente, vamos pelo Brasil e vamos juntos, que é o melhor caminho, que é a melhor forma de vencer a pandemia”, disse Doria. Bolsonaro respondeu secamente: “Senhor João Doria, obrigado pela palavras e parabéns pela posição de Vossa Excelência.”

A postura de Doria atendeu a um pedido dos demais governadores para que fosse mais comedido. O temor de parte dos chefes dos executivos estaduais era serem atraídos para uma disputa política polarizada entre ambos.

No encontro desta manhã, de um lado, os governadores concentraram seus pedidos na sanção e liberação imediata de recursos do projeto do socorro aos Estados e municípios. De outro, Bolsonaro pediu apoio aos chefes dos Estados para o veto ao trecho do texto que permite o aumento de servidores até 2021. O presidente prometeu sancionar o projeto — com os vetos — ainda nesta quinta-feira.

Maia e Alcolumbre

Maia e Alcolumbre falaram de união e do esforço do Legislativo para aprovar o projeto que destina R$ 60 bilhões aos estados e municípios. “Este é um momento histórico na reconstrução do País. Não há divisão entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Todos os poderes estão assumindo responsabilidades”, disse o presidente do Senado.

Dos quatro governadores que falaram no encontro, Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo, foi o único a citar que não apenas recursos, mas medidas como o isolamento social também são importantes para o combate ao coronavírus. “Vivemos uma crise econômica, social, na área de saúde. A quantidade de pessoas que estamos perdendo é de dar dó no dia a dia. Quantas mais pessoas perderão a vida? E a gente sabe que não é só momento de saúde que salva vida. É disciplina nossa, o isolamento, tudo isso ajuda a salvar vidas efetivamente”, afirmou.

Casagrande ainda cobrou do presidente que o governo federal assuma a coordenação central no combate à crise. Durante a pandemia, dois ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, pediram demissão por divergência com Bolsonaro, que defende a retomadas das atividades econômicas e exigia um protocolo para a ampliação do uso da cloroquina para pacientes com sintomas leves. “Já estamos vivendo três crises. Não precisamos de uma crise política”, pontuou o governador do Espírito Santo.

* Com informações do Estadão Conteúdo

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