SP prevê lotação de UTIs em maio, e polícia já atua para fechar comércio

  • Por Jovem Pan
  • 16/04/2020 12h33
Luciano Claudino/Estadão Conteúdo Policiais fiscalizam funcionamento de estabelecimentos comerciais no estado de São Paulo

O governo de São Paulo estima que as unidades de terapia intensiva (UTIs) do estado para pacientes de Covid-19 estarão lotadas até maio com o avanço da pandemia. Já os leitos emergenciais, instalados para evitar o colapso do sistema, devem ficar cheios até julho, diz a gestão João Doria (PSDB). Diante da pressão crescente nos hospitais, a Polícia Militar, em parceria com a Vigilância Sanitária, começou a atuar no fechamento de estabelecimentos comerciais que desrespeitem a quarentena. Os agentes também estão orientados a circular pelos bairros pedindo à população para ficar em casa.

Cerca de 50% de todos os leitos de UTI do estado já são ocupados por pacientes do novo coronavírus. “Temos de entender que, se mantivermos esse grau de isolamento social (o índice de paulistas em casa tem ficado em cerca de 50%, quando a meta é 70%) podemos inferir que provavelmente teremos lotação dos leitos de UTI a partir de maio e, após os leitos que ainda temos para colocar, seria para julho”, disse o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann.

O estado tem 3,5 mil leitos de UTI na rede pública, somando vagas em unidades estaduais, municipais e filantrópicas. Até esta quarta-feira, havia 2.508 internados com sintomas de Covid – 1.132 com diagnóstico confirmado. Até junho, o sistema deve receber 1.524 novos leitos especializados. A rede fez adaptações para atender à demanda, como o Hospital das Clínicas (HC), que liberou 900 leitos – 200 de UTI – para pacientes de covid.

Um dos casos mais graves é o do Instituto Emílio Ribas, onde todos os 30 leitos de UTI estavam ocupados ontem. “Temos um sistema de regulação que permite ocupar o leito no momento em que é desocupado. O planejamento é chegar a 50 leitos nas próximas semanas, com equipamentos e recursos humanos suficientes”, disse Luiz Carlos Pereira Junior, diretor da unidade de referência. No HC, que fica ao lado, a taxa é de 83%, a mesma do Sancta Maggiore Higienópolis, particular.

Longe do centro, o quadro é semelhante. O Hospital Geral de Pedreira, entre a zona sul e Diadema, tem 87% dos leitos ocupados. No Hospital da Vila Nova Cachoeirinha, zona norte, a taxa é de 86%. No Hospital Municipal do Tatuapé, zona leste, o índice é de 77%, e funcionários relatam falta de espaço e estrutura.

“Não é só o leito de UTI. É o que compõe o atendimento ao doente grave, que pode começar na enfermaria e pode terminar até após a UTI”, afirmou o infectologista David Uip, chefe do centro de contingência contra o coronavírus do estado. Ele alerta também para as dificuldades de ter profissionais e equipamentos suficientes.

Leitos de UTI ocupados por pacientes com Covid-19

PM nas ruas

Doria disse que o estado só deve divulgar eventual aumento nas restrições à circulação de pessoas a partir do dia 22, quando vence a quarentena. Mas as ações para conter o funcionamento irregular do comércio e aglomerações já ganham força.

Na última terça-feira, primeiro dia de operação da PM com a Vigilância, foram visitados 14 estabelecimentos denunciados em Santana, zona norte, por desrespeitarem a quarentena. Quatro estavam abertos e foram fechados. Na Lapa, zona oeste, 15 locais denunciados foram vistoriados – três fechados. Ontem, houve ação no Largo 13, em Santo Amaro, zona sul, e no Tatuapé. Lojas de chocolate e de lingerie estavam entre os alvos.

“A tendência é aumentar (o número de operações diárias), porque recebemos quantidade muito grande de reclamações pelo (telefone) 190”, disse o tenente-coronel Emerson Massera, porta-voz da PM. Nos últimos dez dias, cerca de 16 mil denúncias foram recebidas

Esse tipo de ação deve se expandir para outras regiões. Segundo Cristina Megid, diretora do Centro de Vigilância Sanitária Estadual, agentes das maiores cidades do interior estão recebendo equipamentos, como máscaras, para ir a campo.

A PM afirma que a ideia agora não é prender, mas conscientizar. Mas há relatos de atuações mais incisivas. Emelly Thays Gimenez, de 22 anos, foi abordada ontem por dois PMs quando ia para o trabalho em Ferraz de Vasconcelos, Grande São Paulo. Ela foi contratada para ajudar na área administrativa de uma clínica de vacinação. “Tentei explicar, mas disseram que poderia fazer home office. Falei que era nova na função e não dava para desobedecer. Disseram que a partir de agora, dependendo da situação, podem dar ordem de prisão.”

Há ainda patrulhas em áreas de aglomerações, como praças. “Percorremos os bairros, especialmente os residenciais, com viaturas anunciando em alto-falante medidas de segurança, pedindo para as pessoas ficarem em casa”, disse Massera.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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