‘Se não houver diálogo com o governo, recorreremos ao STF’, diz diretor da Anahp sobre medicamentos
Segundo Marco Aurélio Ferreira, reserva de insumos na rede privada deve acabar nesta segunda-feira; organização critica Ministério da Saúde por requisitar todo estoque de remédios
No último sábado, 20, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) afirmou, em carta aberta, que enfrenta uma difícil situação nas unidades de saúde particulares. Segundo a organização, está prestes a acabar o estoque de medicamentos necessários para a intubação de pacientes contagiados pela Covid-19. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, neste domingo, 21, o diretor-executivo da Anahp, Marco Aurélio Ferreira, revelou a gravidade do momento. “Os hospitais privados brasileiros têm estoque de medicamentos suficiente apenas até segunda-feira ou terça-feira. Algumas unidades já estão sem os insumos disponíveis. Isso aconteceu porque, na semana passada, o governo federal tomou uma decisão unilateral, da qual não fomos sequer comunicados, que desorganizou toda a cadeia de suprimentos. Estamos tentando conversar, mas se não houver diálogo com o governo, recorreremos ao STF“, disse o diretor-executivo. Em sua fala, Marco Aurélio fez referência à decisão do Ministério da Saúde que, frente à alta demanda de internações de pacientes da Covid-19 em UTIs, requisitou todo o estoque das fabricantes de medicamentos nesta quinta-feira, 18 – o que causou a falta de insumos na rede privada de saúde.
“Os medicamentos existem, havia uma cadeia produtiva que funcionava bem na indústria farmacêutica, a entrega acontecia. Ocorreu que, para blindar o sistema público, o governo requisitou toda a produção para o Ministério da Saúde. Nós, que comprávamos da indústria, passamos a ter dificuldades em nossas entregas. Na última quarta-feira, fomos comunicados pelas fábricas que nossos pedidos de remédios para pacientes com coronavírus não seriam honrados porque o governo requisitou toda a produção. Precisamos compreender o posicionamento da pasta da Saúde, mas eles tomaram uma decisão precipitada olhando apenas para a rede pública. Os hospitais privados são responsáveis por 60% dos atendimentos de saúde. Para o governo, falta visão do todo”, analisou.
Para Marco Aurélio Ferreira, o governo desistir de sua decisão seria a melhor solução para a escassez dos medicamentos na rede privada. “O caminho mais rápido para resolver a situação é o governo voltar atrás em relação às requisições administrativas efetuadas nesta semana. Estamos muito preocupados. Na sexta-feira, a Anvisa publicou decisões que facilitam a importação dos insumos, o que nos ajuda, mas trazer medicamentos do exterior demoraria, no mínimo, duas semanas – e não temos tempo para isso. Não estamos pedindo que nos doem estes remédios, apenas pedimos que, o que compramos e negociamos com a indústria nacional seja entregue aos hospitais privados. Agora, estamos buscando diálogo com o governo, divulgando nossa dificuldade e tentando encontrar a solução com os tomadores de decisão. Caso não seja possível, buscaremos via Judiciário”, concluiu.
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