Taxa de pobreza cai no Brasil, mas ainda atinge quase um terço da população

Levantamento no IBGE mostra que parcela de pessoas que vivem com renda mensal de até R$ 637,00 foi de 36,7% para 31,6% em 2022; também houve redução no percentual de extrema pobreza (de 9% para 5,9%)

  • Por Jovem Pan
  • 06/12/2023 11h23
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DANIEL CYMBALISTA/FOTOARENA/ESTADÃO - 22/11/2023 CONTEÚDO Moradores de rua moram em barracas na região da avenida Gastão Vidigal, próximo ao Ceagesp Moradores de rua em barracas na região da avenida Gastão Vidigal, próximo ao Ceagesp, na zona oeste de São Paulo

O Brasil registrou uma redução significativa nos índices de pobreza em 2022, conforme dados da Síntese de Indicadores Sociais divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira, 6. A extrema pobreza, representada por aqueles que viviam com menos de R$ 200,00 por mês, diminuiu de 9,0% em 2021 para 5,9% em 2022. Paralelamente, a proporção de pessoas em situação de pobreza, com renda mensal de até R$ 637,00, caiu de 36,7% para 31,6% no mesmo período  ou seja, ainda representa quase um terço da população. Os números totais apontam que, em 2022, havia 12,7 milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza e 67,8 milhões em situação de pobreza. Esses dados representam quedas de cerca de 6,5 milhões e 10,2 milhões de pessoas, respectivamente, em comparação com o ano anterior.

A análise considerou os parâmetros do Banco Mundial, adotando US$2,15/dia para extrema pobreza e US$6,85/dia para pobreza, com base na Paridade de Poder de Compra (PPC) a preços internacionais de 2017 (essas linhas foram atualizadas em 2022). Entre 2021 e 2022, todas as regiões do país experimentaram uma diminuição nos índices de pobreza e extrema pobreza, com maior destaque para o Norte e o Nordeste, que registraram as maiores reduções, atribuídas, em grande parte, aos programas sociais de transferência de renda. A desigualdade racial também é evidente nos números, com mais de 70% dos pobres e extremamente pobres sendo pessoas pretas ou pardas. As mulheres desse grupo enfrentam uma situação ainda mais desafiadora, com 41,3% vivendo na pobreza e 8,1% em extrema pobreza.

“Na linha de extrema pobreza não há uma diferença significativa entre os valores da linha antiga e da linha atualizada ao longo da série, pois ela é basicamente de consumo para subsistência e sua atualização se dá principalmente por uma questão de preços. Já a linha de pobreza mostra uma diferença maior, ligada a dinâmica do rendimento e padrões de consumo mais heterogêneos de países de renda-média alta”, ressaltou André Simões, analista do IBGE.

Segundo o IBGE, os programas sociais do governo desempenharam um papel crucial na redução da extrema pobreza, representando 67,0% do rendimento domiciliar das pessoas nessa situação em 2022. Sem esses benefícios, a extrema pobreza poderia ter sido cerca de 80% maior. Além disso, o estudo revelou que o índice de Gini, que mede a desigualdade de renda, teria sido 5,5% maior na ausência dos programas sociais, destacando a importância dessas iniciativas na redução da disparidade econômica. “Isso mostra a importância das transferências de renda para a composição da renda dos domicílios das pessoas extremamente pobres e a maior influência do mercado de trabalho na composição da renda da população pobre”, destacou Simões.

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