Telmário Mota protocola pedido de cassação de Jucá no Conselho de Ética do Senado
Ao retornar para o Senado um dia depois de pedir exoneração do ministério do Planejamento, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) será alvo, no Conselho de Ética, de processo disciplinar por quebra de decoro parlamentar. O pedido, protocolado nesta terça-feira (24), pelo senador Telmário Mota (PDT- RR), adversário do peemedebista em Roraima, e o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, acusa o peemedebista de tentar obstruir a Operação Lava Jato.
A representação toma como base os trechos da conversa em que Jucá e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, falam sobre as investigações. A transcrição foi relevada, na última segunda-feira (23), pelo jornal Folha de S. Paulo.
De acordo com o documento, protocolado por Telmário e Lupi, no diálogo “verifica-se que, durante toda a conversa divulgada, resta inequívoco o propósito do denunciado de utilizar o governo de Michel Temer para atrapalhar ou impedir as apurações da operação contra os agentes políticos envolvidos”. “É clara, sem sombra de dúvidas, a intenção do Senador denunciado de buscar proteção pessoal e se esquivar do alcance das apurações mediante um grande acordo”, diz o texto.
O documento faz analogia ao caso de Delcídio Amaral (sem partido-MT), que foi preso e acabou cassado após divulgação de áudios em que ele foi flagrado articulando para obstruir o trabalho da Lava Jato. A representação contra Delcídio foi relatada por Telmário Mota.
“Há um claro propósito de que o novo governo, com o vice-presidente Michel Temer, resolva os “problemas” que a “Operação Lava Jato” acarretou à classe política tradicional no Brasil. Além disso, os áudios demonstram a opinião do senador de que seria necessário afastar a Presidente da República, Dilma Rousseff, para que a sangria da “Operação seja estancada”, acusa a peça.
Pouco antes de entrar com a representação, Mota afirmou que considerou, na gravação em que Jucá é pego, uma flagrante tentativa de obstrução da Justiça. “Ele fala que é preciso ter o impeachment para fazer um pacto nacional para paralisar a Lava Jato. Isso é obstrução”.
Já como senador, Jucá compareceu à sessão do Congresso para votar a alteração da Meta Fiscal. No plenário, Jucá disse que, no diálogo gravado, não há nenhuma ação que denote tentativa de barrar a Lava Jato.
O peemedebista ponderou que solicitou informações ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para saber se houve algum crime no diálogo gravado. “Falei para o Michel (Temer) que me afastei enquanto a PGR não responder essa questão”. “Amanhã me defenderei no plenário do Senado”, completou.
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