Thaméa Danelon: ‘Falas de Moro sobre Bolsonaro precisam ser investigadas’

Segundo a procuradora, pode ter ocorrido crime de responsabilidade, mas é necessário provas e embasamento

  • Por Jovem Pan
  • 24/04/2020 17h57 - Atualizado em 25/04/2020 18h35
Hélvio Romero/Estadão Conteúdo Thaméa defendeu, ainda, a autonomia de Moro para indicar pessoas para a Polícia Federal

A ex-coordenadora da Operação Lava Jato Thaméa Danelon defendeu, nesta sexta-feira (24) em entrevista ao programa Pra Cima Deles, que as falas do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, sobre o presidente Jair Bolsonaro, sejam apuradas. Ela admitiu que pode sim ter acontecido crime de responsabilidade, mas que é necessário apresentar provas para o pedido de impeachment.

“Tem que ter embasamento e prova de que houve o cometimento de crime de responsabilidade. Quando ele [Moro] menciona que houve a interferência politica, que o próprio Bolsonaro reconheceu […], se houve, é um atentado ao Estado Democrático de Direito e poderia sim, ser crime de responsabilidade”, explicou.

Segundo ela, o presidente não pode interferir em uma investigação da Polícia Federal. Em entrevista coletiva, em Brasília, o ex-juiz federal disse que a exoneração de Maurício Valeixo foi uma interferência política do presidente na corporação.

Instabilidade

Thaméa afirmou, ainda, que a demissão do ex-juiz gera uma instabilidade maior ainda, já que a troca do Ministro da Justiça e do diretor-geral da PF também impacta em outros cargos, como superintendentes e chefes de delegacia.

A procuradora defendeu a autonomia de Moro para indicar pessoas para a corporação. “É inadmissível que exista a interferência do Executivo. O ministro tem que ser respeitado, cabe a ele escolher seus diretores”, disse.

Embora Bolsonaro possa exonerar os chefes da PF, conforme defendeu em publicação hoje nas redes sociais, Thaméa ressalta que a corporação “não serve ao governo”, mas sim ao Estado Democrático de Direito.

“Ainda que seja atribuição de Bolsonaro assinar o ato de exoneração, isso deveria ser conversado com o ex-ministro e ser a intenção dele. Bolsonaro não poderia ultrapassar essa atribuição que compete a Moro e falar que foi pedido de Valeixo”. O ex-juiz nega que Valeixo tenha solicitado a saída da PF.

Pronunciamento

Thaméa criticou, por fim, o pronunciamento feito pelo presidente na tarde desta sexta-feira. “O ponto central seria a explicação do porquê da demissão do diretor-geral, e infelizmente isso não foi dito. Apenas acusações contra o ex-ministro Moro”.

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