“Valor absurdo” de fraude com vale-refeição chamou atenção, diz delegada

A delegada Patrícia de Paiva, da delegacia de Defraudações do Rio, encarregada do inquérito contra grupos suspeitos de lavar dinheiro por meio da compra de vale-refeição, alimentação e transporte de trabalhadores, disse nesta quarta-feira (4) que o alto valor movimentado pelas quadrilhas em um curto espaço de tempo chamou a atenção da polícia.

“Nós tivemos uma empresa dessas de fachada que movimentou R$12 milhões, em 1 ano e meio. Então esse valor absurdo chamou a atenção da polícia e a Delegacia de Defraudações há três meses iniciou essa investigação”.

Ao todo, 90 pessoas físicas e jurídicas são suspeitas dos crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa e crimes contra a economia popular. A Operação Fantoche mobilizou 150 policiais destacados para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços comerciais e residenciais nos bairros de Copacabana, Botafogo, Largo do Machado, Centro, Jacarepaguá, Campo Grande e Bangu, no município do Rio, e nas cidades de Nova Iguaçu, Duque de Caxias, São João de Meriti, Belford Roxo, Mesquita e Nilópolis, na Baixada Fluminense, e até numa empresa em Londrina, no Paraná. Os envolvidos estão sendo ouvidos na Cidade da Polícia.

Esquema

No caso dos vale-alimentação e refeição, a polícia informou que os investigados, chamados de tiqueteiros, abriam empresas de fachada no ramo alimentício para conseguir, com as operadoras de cartão, máquinas que aceitam vale-alimentação e refeição. Os equipamentos, então, eram enviados a escritórios que comercializam ouro, onde era feita a compra dos benefícios dos trabalhadores.

Por cada transação, era cobrada uma taxa do trabalhador que varia de 15% a 18%. Parte da quantia ficava com o escritório e a outra parte com os responsáveis pelas empresas fantasma e de fachada, que transferem os valores para empresas legais, pessoas físicas e até instituições religiosas.

No caso dos vales-transporte, os trabalhadores deixavam seus cartões nos escritórios, que eram então recolhidos por atravessadores que os levavam até empresas de ônibus e vans coniventes com o esquema, onde os créditos eram descarregados. A taxa cobrada do trabalhador na transação chegava a 50%. Desses, parte ficava com a viação, outra parte com o dono do escritório e outra com o atravessador.

O bilhete era devolvido ao trabalhador dias depois. Em alguns escritórios, o tempo para devolução do vale transporte chegava a 30 dias úteis.

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  • Por Douglas Corrêa – Repórter da Agência Brasil
  • 04/10/2017 15h07
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A delegada Patrícia de Paiva, da delegacia de Defraudações do Rio, encarregada do inquérito contra grupos suspeitos de lavar dinheiro por meio da compra de vale-refeição, alimentação e transporte de trabalhadores, disse nesta quarta-feira (4) que o alto valor movimentado pelas quadrilhas em um curto espaço de tempo chamou a atenção da polícia.

“Nós tivemos uma empresa dessas de fachada que movimentou R$12 milhões, em 1 ano e meio. Então esse valor absurdo chamou a atenção da polícia e a Delegacia de Defraudações há três meses iniciou essa investigação”.

Ao todo, 90 pessoas físicas e jurídicas são suspeitas dos crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa e crimes contra a economia popular. A Operação Fantoche mobilizou 150 policiais destacados para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços comerciais e residenciais nos bairros de Copacabana, Botafogo, Largo do Machado, Centro, Jacarepaguá, Campo Grande e Bangu, no município do Rio, e nas cidades de Nova Iguaçu, Duque de Caxias, São João de Meriti, Belford Roxo, Mesquita e Nilópolis, na Baixada Fluminense, e até numa empresa em Londrina, no Paraná. Os envolvidos estão sendo ouvidos na Cidade da Polícia.

Esquema

No caso dos vale-alimentação e refeição, a polícia informou que os investigados, chamados de tiqueteiros, abriam empresas de fachada no ramo alimentício para conseguir, com as operadoras de cartão, máquinas que aceitam vale-alimentação e refeição. Os equipamentos, então, eram enviados a escritórios que comercializam ouro, onde era feita a compra dos benefícios dos trabalhadores.

Por cada transação, era cobrada uma taxa do trabalhador que varia de 15% a 18%. Parte da quantia ficava com o escritório e a outra parte com os responsáveis pelas empresas fantasma e de fachada, que transferem os valores para empresas legais, pessoas físicas e até instituições religiosas.

No caso dos vales-transporte, os trabalhadores deixavam seus cartões nos escritórios, que eram então recolhidos por atravessadores que os levavam até empresas de ônibus e vans coniventes com o esquema, onde os créditos eram descarregados. A taxa cobrada do trabalhador na transação chegava a 50%. Desses, parte ficava com a viação, outra parte com o dono do escritório e outra com o atravessador.

O bilhete era devolvido ao trabalhador dias depois. Em alguns escritórios, o tempo para devolução do vale transporte chegava a 30 dias úteis.

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