Bumlai faz depoimento secreto à Lava Jato sobre Instituto Lula

  • Por Estadão Conteúdo
  • 06/07/2016 11h01

José Carlos Bumlai passara por exames em hospital de Curitiba

Lula Marques/Agência PT José Carlos Bumlai

O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez um depoimento secreto à Operação Lava Jato. Investigadores queriam saber do pecuarista se ele participou da aquisição do terreno e das obras da sede do Instituo Lula, em São Paulo. As perguntas da força-tarefa a Bumlai envolveram também a empreiteira Odebrecht.

O conteúdo do novo depoimento do amigo de Lula está sendo mantido sob sigilo pelo juiz Sérgio Moro, a pedido da Polícia Federal, “para preservar a eficácia das investigações”.

Bumlai foi preso na Operação Passe Livre, 21ª fase da Lava Jato, em 24 de novembro do ano passado. Em março deste ano, Moro autorizou sua prisão domiciliar por três meses, sendo, desde então, monitorado por tornozeleira eletrônica. O pecuarista, de 71 anos, foi diagnosticado com câncer na bexiga.

O conteúdo secreto do novo depoimento do empresário não tem relação com o emblemático empréstimo de R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin, valor tomado pelo pecuarista, em outubro de 2004, e que teria sido destinado ao PT. A dívida é alvo de ação penal na qual Bumlai é réu por corrupção e gestão fraudulenta (Lei do Colarinho Branco). Mauricio Bumlai, filho do pecuarista, também é acusado no mesmo inquérito.

Em despacho anexado aos autos, em 20 de junho passado, o magistrado paranaense afirmou que o sigilo não prejudica as defesas no processo sobre o empréstimo de R$ 12 milhões, pois os fatos descritos no novo depoimento “não dizem respeito à ação penal”.

“A autoridade policial anexou novo termo de depoimento, prestado por José Carlos Bumlai, cujo conteúdo requereu que fosse mantido em sigilo, à exceção da defesa do próprio investigado, para preservar a eficácia das investigações. Mantenho, assim, sigilo nível 2 sobre a documentação, já que talvez seja necessário para não prejudicar as investigações a serem realizadas”, determinou Moro.

O jurista ordenou o acesso exclusivo à defesa do pecuarista sobre o depoimento, “evidentemente sem prejuízo do acesso pelo Ministério Público Federal e considerando que este inquérito já instrui a ação penal, devendo a autoridade policial prosseguir nas investigações pendentes sobre fatos ainda não denunciados, em novos inquéritos, encerrando este a fim de evitar confusão”, decidiu.

Sítio

Bumlai também é peça-chave nas apurações sobre o Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), que seria de Lula, segundo suspeita a Lava Jato, mas registrado em nome de amigos. O imóvel passou por ampla reforma, em 2011, que envolveu Bumlai, Odebrecht e a OAS, outras duas empreiteiras do cartel que fatiava obras e pagava propinas milionárias na Petrobrás.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o executivo não fechou acordo de delação premiada, mas tem buscado adotar uma postura colaborativa com a Lava Jato.

O Instituto Lula, por meio de sua assessoria de imprensa, tem negado qualquer irregularidade.

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