Cameron diz que países ocidentais arriscam perder “autoridade moral”

  • Por Agencia EFE
  • 09/12/2014 19h51

Ancara, 9 dez (EFE).- O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, declarou nesta terça-feira que os países ocidentais estão se arriscando a perder sua “autoridade moral” em função do uso de tortura, após a denúncia do Senado americano sobre as práticas de tortura da CIA após os atentados de 11 de setembro de 2001.

“Torturar é um erro, é sempre um erro. Todos os que querem ver um mundo mais seguro, os que querem ver o extremismo derrotado, não serão vitoriosos se perdermos nossa autoridade moral, aquilo que transforma nossos países em um sucesso”, declarou Cameron em Ancara durante entrevista coletiva conjunta com o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu.

Cameron fez as declarações após a divulgação de um relatório da Comissão de Inteligência do Senado dos EUA denunciando que a Agência Nacional de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) realizou métodos de interrogatório “mais brutais” nos oito anos posteriores aos atentados de 11/9 do que teria sido admitido.

“Depois do 11 de setembro alguns erros foram cometidos”, disse. Foram feitas investigações sobre a tortura no Reino Unido, “sob uma perspectiva britânica”, mas é preciso deixar claro, insistiu, que “a tortura é um erro”.

Além disso, Cameron lembrou que o Reino Unido retém os passaportes dos que planejam viajar à Síria para se filiar ao grupo radical Estado Islâmico (EI).

“O Reino Unido está a ponto de aprovar uma legislação em relação aos combatentes estrangeiros (que vão para a Síria como jihadistas). Poderíamos reter o passaporte de pessoas que viajam para participar deste tipo de combates”, disse Cameron depois de se reunir com Davutoglu.

O primeiro-ministro acrescentou que há uma forte parceria com Ancara na luta contra o Estado Islâmico e que pretende estreitá-la ainda mais. Cameron disse ainda que a Turquia e o Reino Unido têm “o mesmo ponto de vista sobre a Síria e o Iraque”.

Ahmet Davutoglu reiterou a disposição de seu governo de lutar contra o Estado Islâmico, mas criticou o fato de a imprensa retratar a Turquia como uma retaguarda para os jihadistas.

“Nenhum dirigente do EI passa por nossas fronteiras”, assegurou, após lembrar que a organização jihadista desenvolveu suas estruturas no Iraque durante anos, na época da ocupação americana, sem precisar recorrer à Turquia para isso.

Davutoglu insistiu em deixar clara a exigência de seu governo para que uma “zona de segurança” seja estabelecida na Síria para proteger as pessoas deslocadas em função da guerra e, desta forma, evitar que continuem buscando abrigo na Turquia, que já acolheu 1,6 milhão de refugiados sírios. EFE

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