Candidato presidencial defende um Egito sem álcool, Facebook e protestos
Edu Marín e Imane Rachidi.
Cairo, 10 abr (EFE).- O novo Egito não venderá álcool, restringirá o acesso às redes sociais e proibirá o direito à manifestação durante um ano se Mortada Mansur for eleito presidente, segundo o candidato disse em entrevista concedida à Agência Efe.
“As leis não são feitas para serem aceitas ou não, mas para serem cumpridas”, afirmou Mansur. Vestido com seus característicos óculos escuros, o polêmico candidato às eleições presidenciais programadas para mês que vem recebeu a equipe da Efe em seu escritório no Cairo.
Mansur defendeu seu nome como o “homem forte que o Egito necessita para recuperar sua posição no mundo”.
Advogado de profissão e recentemente eleito presidente do clube de futebol Zamalek (o segundo mais popular do país), Mansur foi o último a anunciar sua candidatura , depois do esquerdista Hamdin Sabahi e do ex-chefe das Forças Armadas Abdelfatah al Sisi.
Nas eleições presidenciais de 2012, Mansur -conhecido no Egito por suas opiniões controvertidas, não conseguiu se candidatar por questões burocráticas.
Mansur foca seu programa eleitoral em “recuperar a economia egípcia, devolver a segurança ao país e corrigir o descontrole ético reinante desde a revolução de 25 de janeiro” de 2011, que derrubou o ex-presidente Hosni Mubarak.
Outras medidas fundamentais citadas pelo candidato são combater o desemprego juvenil, acabar com a ausência da mulher na vida política e garantir a liberdade de credo aos cristãos coptas.
“A verdadeira revolução foi a de 30 de junho de 2013”, afirmou em referência aos protestos que provocaram a queda do islamita Mohammed Mursi.
Para garantir a desejada segurança no país, Mansur acha necessário “controlar as redes sociais quando estas se transformam em uma ferramenta para destruir um país”, como foi, em sua opinião, o caso do Egito.
Além disso, se for eleito, proibirá as manifestações e greves durante um ano, “até que o país recupere sua estabilidade”. Depois, as leis irão regular os protestos “como nos países ocidentais como a Espanha”, onde nunca viu alguém “atacar um carro da polícia ou insultar um agente”.
Mansur reconheceu que pretende permitir a venda de álcool exclusivamente aos estrangeiros e limitá-la aos hotéis, pois segundo o político o islamismo, o judaísmo e o cristianismo proíbem sua comercialização: “eu só vou proibir o que Deus proibiu”.
Sobre a atual situação da organização da Irmandade Muçulmana, declarada terrorista pelo governo egípcio, Mansur considera que dentro dela existe uma maioria “pacífica e religiosa que se dedica a fazer o bem, divulgar o amor, a fé e os programas humanitários”.
Mansur não defende da mesma forma os jovens liberais que promoveram a revolução de 2011, e acusa alguns dos ativistas presos, como Ahmed Duma, Mohammed Adel e o fundador do Movimento 6 de Abril, Ahmed Maher, de “traidores”.
Sobre o ativista recentemente libertado Alaa Abdel Fatah, afirmou que “seu destino é a prisão por insultar à religião, o exército e a polícia, e por defender coisas absurdas como que os homens possam se deitar juntos”.
Quanto aos seus rivais na corrida presidencial, Mansur reconhece ter “admiração” por Sisi, a quem classificou como uma figura nacional por “salvar ao Egito de um governo fracassado, religioso e ditatorial”, embora não o veja como presidente.
Além disso, acusa o esquerdista Sabahi de ser um “felul” (remanescente do antigo regime de Mubarak) e de ter sido financiado pelo partido do ditador em sua campanha eleitoral de 2012.
No plano internacional, Mansur rejeita a ajuda dos Estados Unidos se a cooperação significar uma forma de diminuir o Egito e se submeter às opiniões da potência.
Na sua opinião, os Estados Unidos “estão ajudando organizações terroristas como a Al Qaeda a destruir Egito”.
Mansur também destacou a necessidade de reforçar o papel de seu país na região árabe para acabar com a instabilidade reinante, provocada pela “fraqueza” do Egito. EFE
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