Capacidade dos serviços secretos dos EUA é posta em xeque pelo EI

  • Por Agencia EFE
  • 29/09/2014 19h21
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Washington, 29 set (EFE).- A capacidade dos serviços de inteligência dos Estados Unidos de saber o que acontece no Oriente Médio voltou a estar em xeque depois que o presidente Barack Obama admitiu que o fortalecimento do Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria os pegou de surpresa.

A Casa Branca negou nesta segunda-feira que o presidente tenha culpado os serviços de inteligência ao dizer em uma entrevista ao programa “60 Minutes”, da rede de televisão “CBS”, exibido no último domingo, que “subestimaram” a ameaça representada pelo EI e supervalorizaram a capacidade das forças de segurança iraquianas.

O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, afirmou que o presidente “confia” nos profissionais que o informam sobre o que ocorre no local dos conflitos e “seu conselho e a informação de inteligência foi fundamental para o sucesso” que “tiveram até agora combatendo a ameaça do EI”.

Earnest afirmou que já se sabia da ameaça que o EI significava, mas “todos” avaliaram mal a capacidade do exército iraquiano de lutar, e o êxito que o grupo jihadista teve no Iraque e na Síria “foi uma surpresa”.

O diretor de Inteligência Nacional, James Clapper, disse ao jornal “Washington Post” neste mês que seus analistas tinham informado sobre a “destreza e capacidade” do grupo.

No entanto, ele reconheceu que da mesma forma que aconteceu com os Estados Unidos na Guerra do Vietnã com o Vietcong, foi “subestimada” a capacidade do EI e “supervalorizada” a das tropas iraquianas.

“Não fomos capazes de prever sua vontade de lutar, o que é um imponderável”, disse.

Mas os comentários de Obama elevaram as criticas de alguns analistas e senadores como o veterano republicano John McCain, que disse estar “desconcertado” pelas declarações do presidente, já que em diversas audiências no Congresso, durante “mais de um ano”, havia sido advertido do perigo da expansão do EI na Síria.

Para o analista Nick Zahn, do centro conservador de estudos Heritage Foundation, os serviços de inteligência se transformaram em um “bode expiatório”. Ele considera que “é um problema se a Casa Branca não está prestando atenção ao desenvolvimento das ameaças e não as aborda adequadamente no momento oportuno”.

“A inteligência é algo muito difícil. É mais uma arte que uma ciência”, disse por sua vez o secretário de imprensa do Pentágono, o contra-almirante John Kirby, em entrevista ao canal “MSNBC”.

Kirby declarou que o Pentágono “monitorava o desenvolvimento deste grupo há muito tempo” e que “todo o mundo era ciente de seu crescimento e desenvolvimento”.

“O que nos surpreendeu, sem dúvida, a partir de uma perspectiva militar, foi a rapidez com que se deslocaram rumo a Mossul durante o verão, a rapidez com a qual avançaram em direção ao norte, assim como a forma na qual quatro ou cinco divisões iraquianas se desfizeram”, frisou.

O Pentágono sabia “que as Forças de Segurança iraquianas não tinham as mesmas capacidades” de 2011, reconheceu o porta-voz.

Mas o que desconcertou os serviços de inteligência foi a “rapidez” com a qual algumas dessas divisões “simplesmente se foram e entregaram suas armas” aos militantes do Estado Islâmico.

As agências de inteligência expandiram seus esforços para obter informações na Síria, imersa em uma guerra civil há três anos e a cujo governo, de Bashar al Assad, os EUA se opõem. EFE

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