Casa Branca admite “cultura corrosiva” no tratamento médico de veteranos

  • Por Agencia EFE
  • 27/06/2014 21h17

Washington, 27 jun (EFE).- Um relatório oficial da Casa Branca determinou que existe uma “cultura corrosiva” na divisão encarregada de oferecer tratamento médico aos veteranos nos Estados Unidos, e recomendou a reestruturação do sistema e a redefinição dos atuais prazos “pouco realistas” estabelecidos para atender os pacientes.

O presidente dos EUA, Barack Obama, recebeu nesta sexta-feira as conclusões do relatório produzido pelo “número dois” do chefe de gabinete da Casa Branca, Rob Nabors, pouco após explodir o escândalo sobre os atrasos no tratamento de ex-combatentes em todo o país, o que teria contribuído com pelo menos 40 mortes.

“Está claro que há decisões judiciais sistêmicas e crônicas de caráter significativo, que a liderança do Departamento de Assuntos de Veteranos deve enfrentar”, indicou Nabors no relatório, que revisa o funcionamento da Administração de Saúde de Veteranos (VHA).

Essa agência, que pertence ao Departamento de Assuntos de Veteranos, é a responsável por proporcionar tratamento médico aos ex-combatentes de todo o país, mas está infestada de “problemas culturais e sistêmicos inaceitáveis que impedem que os veteranos recebem cuidados de forma oportuna”.

“Uma cultura corrosiva levou a problemas em todo o Departamento (de Veteranos) que estão impactando de forma séria a moral e, por extensão, a capacidade de proporcionar cuidado o mais rápido possível aos veteranos”, indicou Nabors.

Esses problemas são “exacerbados por estruturas pobres de gestão e comunicação, falta de confiança entre alguns funcionários do Departamento e seus chefes, um histórico de represálias contra os empregados que denunciam a existência de problemas e uma falta de prestação de contas em todos os níveis”, acrescentou.

“A Administração de Saúde de Veteranos tem que ser reestruturada e reformada. Atualmente atua com muito pouca transparência ou prestação de contas sobre como é manejada a estrutura médica para os veteranos”, denunciou o funcionário.

O relatório considerou necessário revisar a norma atual que exige todos os ex-combatentes que pedem tratamento sejam atendidos em um prazo máximo de 14 dias, algo que, segundo as denúncias, levou a empregados de vários centros manipularem os registros para fingir que cumpriam o requisito quando na realidade as listas de espera eram de, em média de 114 dias, em todo o país.

“O padrão de 14 dias é arbitrário, está mal pensado e mal entendido. A forma em que esse objetivo foi implementado foi pouco realista e causou confusão nos registros e, em alguns casos, poderia ter incentivado ações inapropriadas”, justificou Nabors.

O relatório contém recomendações como a de contratar mais médicos, enfermeiros e funcionários administrativo aos centros médicos do Departamento de Veteranos, ultrapassado pela crescente demanda por atendimento médico dos ex-combatentes que retornaram das guerras do Iraque e do Afeganistão.

Obama pediu hoje a Nabors que permaneça temporariamente no Departamento de Assuntos de Veteranos “para ajudar durante este tempo de transição”, informou a Casa Branca em comunicado.

O líder aceitou há um mês a demissão do anterior secretário de Assuntos de Veteranos, Eric Shinseki, por causa do escândalo, e por enquanto não nomeou um novo responsável do departamento, dirigido interinamente por Shaun Gibson. EFE

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