Caso Nisman: Argentina exime ex-chefe de espiões da obrigação de segredo

  • Por Agencia EFE
  • 05/02/2015 16h52

Buenos Aires, 5 fev (EFE).- O governo argentino eximirá o ex-chefe de operações da Secretaria de Inteligência, Antonio “Jaime” Stiuso, da obrigação de guardar segredo sobre suas atividades como agente, após ser convocado a depor no caso da morte do promotor Alberto Nisman.

“Hoje vamos comunicar à promotora (Viviana Fein) que Stiusso está eximido de guardar segredo” sobre “tudo o que sabe ou fez desde 1972 até 5 de janeiro de 2015”, informou o diretor da Secretaria de Inteligência, Oscar Parrilli.

Parrilli esclareceu que Stiuso “já não faz parte” da Secretaria de Inteligência e assegurou que “a presidente (Cristina Kirchner) quer que tudo seja contado”.

Viviana Fein convocou Stiuso para depor após analisar as últimas comunicações telefônicas de Nisman, que foi encontrado morto com um tiro na cabeça em sua casa no último dia 18, quatro dias após denunciar Cristina Kirchner pelo suposto acobertamento de suspeitos iranianos do atentado contra a associação mutual israelita Amia, que deixou 85 mortos em 1994.

Stiuso não se apresentou hoje perante a promotora porque não recebeu nenhuma notificação oficial, segundo seu advogado, Santiago Blanco Bermúdez, que garantiu que seu cliente tem “vontade absoluta” de comparecer se a Justiça solicitar.

Blanco ressaltou que, se for convocado, exigirão medidas de confidencialidade pela condição de espião de seu cliente, tais como que a proteção de seu rosto.

Stiuso, substituído de seu cargo pelo governo em dezembro do ano passado, foi apontado pela presidente como o responsável de uma manobra de desestabilização do governo que incluiria a morte de Nisman.

A polêmica sobre o papel de Stiuso coincide com uma tempestade política pela reforma legislativa impulsionada pelo governo para dissolver a Secretaria de Inteligência e criar uma nova Agência Federal, rejeitada pela oposição por interpretar que se trata de uma cortina de fumaça para diminuir o escândalo provocado pela morte do promotor.

Considerado um dos homens mais poderosos dos serviços secretos argentinos, Stiuso guarda valiosa informação de personagens relacionados com o poder e tem boas relações com agências de espionagem internacional, como a CIA e o Mossad.

Antonio Horacio Stiuso, conhecido como “Jaime Stiles”, de 61 anos, começou a trabalhar para a Inteligência em 1972 e foi ganhando poder durante a ditadura (1976-1983) e os governos democráticos até chegar à cúpula dos serviços secretos. EFE

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