Com sensação de insegurança recorde, índice de satisfação dos paulistanos piora
O número de paulistanos que consideram a gestão Fernando Haddad ruim ou péssima salta de 40 para 56% em 2015. Mas não é apenas este índice que despencou na edição deste ano dos Indicadores de Referencia de Bem-Estar no município, o IRBEM, da Rede Nossa São Paulo em parceria com a Fecomércio.
Na pesquisa divulgada nesta terça-feira (19/01) e que a Jovem Pan teve acesso em primeira mão, outros dados reforçam os sentimentos negativos atrelados ao poder público às vésperas do aniversário da capital, no próximo dia 25 de janeiro.
As medidas impopulares do prefeito podem explicar parte dessa avaliação, na opinião da auxiliar de faturamento, Gislaine Gonçalves: “Nosso prefeito é louco! Faz umas coisas que você não consegue entender. As cicovias, se você vir a da Paulista tudo bem, mas fizeram uma na rua da minha casa que é em uma rua que tem uma feira livre”.
Nesta pesquisa, a sensação de insegurança bateu recordes. É a mais alta em SP desde 2008, início da série histórica: 92% (ou seja, quase todos os entrevistados pelo IBOPE) avaliam a capital como um local pouco ou nada seguro para viver.
Um retrato prático disso é o salto de 57 para 68% dos entrevistados, que afirmaram que mudariam de cidade se pudessem. Como fez a aposentada Maria das Graças há 2 anos, fugindo da violência do bairro de Santana, na zona norte, onde ainda vive seus filhos e netos: “Eu vivo no interior, para lá de Mairiporã. Lá é sossegado e mais tranquilo”.
Outro indicador: tempo de espera para consultas e exames no sistema público de saúde. Chega a 98 dias! Gislaine confirma o dado por experiência própria: “Minha mãe usa o SUS e precisava de um ultrassom. Levou quase 90 dias para fazer uma ultrassonografia do braço. Tivemos que pagar particular porque não podia esperar tudo isso”.
Mais um índice que vem subindo desde 2013: a percepção sobre uma piora na qualidade de vida. Quase triplicou o número cidadãos que estão insatisfeitos com a capital, como o auxiliar jurídico Everson Silva. Segundo a pesquisa IRBEM, eram 13% no ano anterior contra 36% de agora: “Cada dia que se passa o trânsito piora, a saúde pública é um caos e não vejo representantes, que têm o dever de pensar nisso, arranjarem uma solução”.
O que justifica esses dados?
Para o coordenador executivo da Rede Nossa São Paulo, Mauricio Broinizi, a conjuntura política e econômica do país tem boa parte da culpa: “Quando se avalia os poderes públicos, as instituições políticas, a tendência a dar notas negativas é generalizada. Isso faz parte do mau humor político brasileiro, da desconfiança dos brasileiros com seus partidos políticos, com seus governantes, com suas instituições legislativas, porque caiu muito a avaliação da Câmara Municipal de São Paulo”.
Por outro lado, Bombeiros, Correios e Igreja, nessa ordem, lideram o ranking das instituições com maior confiança da população.
Reportagem: Carolina Ercolin
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