Controle de despesas com servidores pode gerar economia de R$ 816 bi em 10 anos

Dados apresentados pelo Ipea nesta segunda-feira mostram cenários para redução de custos com funcionários públicos da União, estados e municípios; pagamento de pessoal corresponde a 4,3% do PIB

  • Por Jovem Pan
  • 14/09/2020 12h28 - Atualizado em 14/09/2020 12h30
Marcello Casal Jr./Agência Brasil Vista aérea da Esplanada dos Ministérios, em Brasília Vista aérea da Esplanada dos Ministérios, em Brasília

Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que medidas adotadas para a redução da despesa com pessoal da União, estados e municípios podem gerar economia de até R$ 816,17 bilhões aos cofres públicos para os próximos 10 anos. No estudo “Ajustes nas despesas de pessoal do setor público: cenários exploratórios para o período 2020-2039”, apresentado na manhã desta segunda-feira, 14, técnicos da entidade analisaram três cenários para o corte de despesas com base em medidas já adotadas, como a lei complementar 173, que congelou o reajuste salarial de servidores públicos federais, estaduais e municipais até o fim de 2021. Entre 1997 e 2019, as despesas com pessoal e encargos sociais do governo federal mais do que dobraram em termos reais, passando de R$ 152 bilhões para R$ 321 bilhões. Atualmente, esse item de despesa corresponde a cerca de 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB).

As projeções para os próximos 10 anos mostram que o impacto agregado das medidas de disciplina fiscal pode variar entre cerca de R$ 470 bilhões a R$ 500 bilhões somente com congelamento dos vencimentos por dois anos, considerando gastos com estatutários e servidores civis. Com a implementação de medidas relativas à reposição, salário inicial e progressão, a redução pode ser de R$ 202 bilhões a R$ 318,50 bilhões. Atualmente, os gastos com pessoal representam o segundo maior peso ao orçamento da União, somando quase 22% do total das despesas primárias do governo central.  No âmbito dos Estados, respondem por 56,3% das despesas totais e 76,1% da receita corrente líquida.

O texto também leva em consideração pontos de uma eventual reforma administrativa, como a redução da reposição dos servidores aposentados e do salário inicial dos novos entrantes no serviço público, além do alongamento do tempo de progressão na carreira. No início de setembro, o governo federal encaminhou a primeira etapa da renovação do funcionalismo público com sugestões de mudanças nos contratos e alterações nos regimes de contratações. “Para a retomada do crescimento econômico sustentável no Brasil após a pandemia da Covid-19, serão necessárias medidas voltadas à disciplina fiscal, uma vez que a dívida pública deverá aumentar substancialmente em 2020 e manter-se em patamar elevado por algum tempo”, avalia o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo Souza Jr.

A segunda etapa da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do governo é composta por uma série de projetos de lei que incidem sobre a gestão de desempenho, consolidação de cargos, diretrizes de carreiras, modernização e ajustes de servidores. A última fase prevê o envio de um projeto de lei complementar para formar um marco regulatório para carreiras, as governanças remuneratórias e os direitos e deveres dos servidores. Ainda não há previsão para o encaminhamento das etapas complementares.

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