Corrida eleitoral grega começa com duelo à distância entre Samaras e Tsipras
Ingrid Haack.
Atenas, 3 jan (EFE).- A corrida eleitoral na Grécia começou neste sábado com um duelo à distância entre o primeiro-ministro conservador, Antonis Samaras, e o líder da oposição esquerdista Syriza, Alexis Tsipras, com clara vantagem nas pesquisas.
Com poucos minutos de diferença entre seus discursos, Samaras, da região agrícola de Tessália, e o líder do Syriza, de um centro esportivo em Atenas, atacaram um ao outro ao apontarem mentiras na campanha rival.
Enquanto o primeiro-ministro afirmava que a saída do euro continua presente na “agenda oculta” do Syriza, o líder da esquerda disse que, se os conservadores ganharem, o Governo não só não abandonará o plano de austeridade, como retomará as medidas de ajuste estipuladas com os credores.
Samaras anunciou um “roteiro” para reduzir os impostos e garantiu que, se o Syriza ganhar, os agricultores – aos quais se dirigia nesse momento -, perderão boa parte dos subsídios europeus.
Além disso, advertiu que com um governo do Syriza não haverá acordo com os credores e os bancos gregos perderão, a partir de março, 15 bilhões de euros de liquidez, pois “a prestação será interrompida pelo Banco Central Europeu (BCE)”.
“Tudo isso é verdade, e tenho que dizer essa verdade a todos os gregos”, disse o líder da Nova Democracia (ND).
A campanha eleitoral na Grécia começou polarizada, como já era previsto, e com a cisão dos membros social-democratas do ND no Governo.
Samaras e os conservadores da ND focaram sua estratégia no que o Syriza denominou “campanha do medo”, ou seja, acreditar em uma Grécia quebrada, fora do euro e em conflito com seus parceiros europeus.
Syriza e Tsipras não se cansam de repetir que o Governo levou a população à miséria e não deixa dúvidas que a esquerda negociará com seus credores.
Em seu discurso neste sábado, Tsipras voltou a garantir que um governo de esquerda buscará a negociação com os credores, mas que o fará sobre “uma base realista”.
“Um governo do Syriza buscará uma quitação da maior parte do valor nominal da dívida, para torná-la sustentável, mas mediante a técnica de não prejudicar os cidadãos da Europa, senão através de mecanismos coletivos europeus”, ressaltou Tsipras, para acrescentar que o que foi feito com a Alemanha em 1953 (Conferência da Dívida) pode ser feito na Grécia em 2015.
Ele especificou que no serviço da dívida deve haver uma “cláusula de crescimento”, a fim de contribuir para a retomada econômica e não para servir ao superávit orçamentário.
Enquanto isso, no Museu Benaki de Atenas, o Partido Socialista Pan-Helênico (Pasok) presenciou o ex-primeiro-ministro e antigo dirigente do partido, Giorgos Papandreou – filho de seu fundador, o histórico Andreas Papandreou – anunciar a separação e a criação de um novo partido de centro-esquerda.
A nova legenda, batizada como “Movimento dos Socialistas Democráticos”, não só pode dar o golpe letal no Pasok, que desde que entrou no governo de Samaras vive uma crise de popularidade sem precedentes, como ampliar ainda mais o leque da centro-esquerda.
Um desses partidos, a esquerda moderada do Dimar, também começou neste sábado um congresso em qual decidirá seu futuro comportamento nas eleições.
Se for parceiro do Governo até meados de 2013, o Dimar quase não terá possibilidades de superar a barreira mínima dos 3% para entrar no Parlamento.
Após flertar nos últimos dias com a possibilidade de se somar às relações do Syriza, seu líder, Fotis Kouvelis, teve que anunciar que a cooperação fracassou porque o partido da extrema-esquerda exigia que seu programa fosse assumido.
Agora, o Dimar sonda a possibilidade de fazer uma aliança eleitoral com os ecologistas, um partido com uma existência periférica no país. EFE
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