Crise dobra evasão de alunos na Universidade do Estado do Rio de Janeiro

  • Por Agencia Brasil
  • 14/06/2017 11h13 - Atualizado em 29/06/2017 00h19
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Arquivo/Agência Brasil A reforma do ensino médio define que as escolas devem passar a oferecer opções de itinerários formativos para os estudantes

Com três meses de pagamentos atrasados para técnicos e professores e um calendário acadêmico que ainda não saiu de 2016, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) viu dobrar a evasão de alunos no ano passado. Segundo afirmou nesta quarta-feira (14) o reitor da universidade, Ruy Garcia Marques, a percepção dos problemas na instituição já afeta também a busca de candidatos ao vestibular de 2018.

“Está sendo notada essa diminuição [de inscrições no vestibular]. Mas certamente isso iria acontecer. Até em casa, meu filho, de 16 anos, me diz que não sabe se quer ir para a Uerj”, lamenta o reitor, que defende a instituição, considerada uma das mais conceituadas do país: “Sem dúvida nenhuma a Uerj vale a pena, mas vai levar tempo para a gente recuperar a grandeza desse nome.”

O reitor concedeu uma entrevista à imprensa na manhã desta quarta-feira (14) e descreveu os problemas que a universidade enfrenta desde o ano passado. Todo ano, segundo Ruy Garcia Marques, 300 a 400 alunos deixam a universidade, número que dobrou em 2016.

O reitor chamou a atenção para o impacto dos atrasos de pagamentos na permanência dos alunos bolsistas na instituição,que é pioneira em ações afirmativas no país. Cerca 10 mil alunos cotistas e não cotistas em dificuldades financeiras recebem mensalmente um auxílio de R$ 450. “São bolsas pequenas, mas absolutamente indispensáveis para a locomoção e a frequência deles na universidade.”

Atualmente, os técnicos administrativos da universidade estão em greve. Eles estão sem os salários de abril e maio e também não receberam o décimo terceiro salário de 2016. Os professores continuam dando aulas de acordo com suas possibilidades de deslocamento para a universidade, mas a situação salarial é a mesma.

“Muitos alunos não estão conseguindo comparecer às aulas, assim como docentes, que estão vendendo carro, voltando a morar com seus pais. Técnicos administrativos [vivem] a mesma coisa, pegam empréstimos. Está afetando todos os segmentos.”

Os problemas de pagamento põem em risco o funcionamento de serviços prestados à sociedade, como o atendimento de psicologia e odontologia no Hospital Universitário Pedro Ernesto. O reitor afirma que há risco de que esses serviços sejam suspensos, assim como pesquisas que dependem de recursos estaduais para sua manutenção.

“A pesquisa não é uma coisa que a gente possa interromper aqui, e daqui a seis meses, quando as coisas melhorarem, a gente recomeça. Tem que recomeçar do zero.”

Ontem, o governo do estado informou que a folha de pagamento deve ser regularizada em 45 dias, com a adesão do estado ao Plano de Recuperação Fiscal da União.

Servidores estaduais da educação, da segurança pública, administração penitenciária e defesa civil devem receber os salários de abril e maio ainda hoje. A Uerj é vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Social.

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