Cristina Kirchner acredita que Irã se envolveu em atentado em Buenos Aires

  • Por Agencia EFE
  • 12/07/2015 19h26

Buenos Aires, 12 jul (EFE).- A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, acredita que “o Irã teve algo a ver” com o atentado contra a associação mutual judaica Amia em Buenos Aires, em 1994, e que, se não fosse pelo Poder Judiciário, haveria avanços no caso graças ao pacto assinado com Teerã para investigar o ataque.

A governante antecipou neste domingo, através de seu site oficial, a transcrição completa de uma entrevista, ainda não publicada, concedida em março deste ano à revista americana “The New Yorker”.

Em conversa com ao jornalista Dexter Filkins, Cristina ressaltou que, passados 21 anos do atentado que deixou 85 mortos e cuja autoria não foi esclarecida, só seu governo alcançou avanços, e graças à assinatura do memorando de entendimento com o Irã em 2013.

“Se (o pacto) não tivesse sido declarado inconstitucional pela Justiça argentina nós estaríamos em condições de exigir aos iranianos nas Nações Unidas que cumpram o que assinaram, que cumpram com o acordo da Comissão da Verdade integrada por sete juristas de renome internacional, que cumpram com a possibilidade que um juiz argentino viaje a Teerã”, detalhou.

“Uma vez que se tome os depoimentos dos iranianos em Teerã o julgamento pode seguir sua marcha, podem ser indiciados, podem apresentar provas. Agora estamos exatamente igual que 21 anos atrás, sem condenados, sem detidos”, acrescentou.

Além disso, Cristina afirmou que, “de acordo com o que diz a Justiça argentina”, tem “que dizer que sim”, que o Irã está envolvido no atentado.

“Óbvio que penso que o Irã teve algo a ver, mas porque, como presidente, vou pedir que extraditem (os suspeitos)”, salientou.

A governante argentina rejeitou também as acusações realizadas pelo falecido promotor a cargo do caso Amia, Alberto Nisman, que a denunciou por suposto acobertamento dos terroristas em janeiro, quatro dias antes de sua morte em circunstâncias ainda não esclarecidas.

Na denúncia, que foi desestimada pela Justiça argentina, Nisman assinalava o memorando de entendimento como ferramenta para perdoar os suspeitos do ataque em troca da intensificação de relações comerciais com o Irã.

Para Cristina, a denúncia e a morte de Nisman foram uma “grande manobra política contra o governo com ramificações nacionais e para impactar também internacionalmente em situações que estão acontecendo hoje no Oriente Médio, nos Estados Unidos e outros lugares”.

A governante abordou também outros temas controvertidos, como a política externa argentina, que nos quase 12 anos de governo kirchnerista levou o país a se aproximar de Venezuela, Rússia e China enquanto cresciam os desencontros com os Estados Unidos por temas como a crise da dívida.

“Não há um afastamento dos Estados Unidos para se aproximar da Rússia ou da China, há simplesmente a admissão que há um mundo multipolar”, opinou Cristina. EFE

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