Cúpula internacional de Roma alerta para desnutrição e sobrepeso

  • Por Agencia EFE
  • 19/11/2014 19h20
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Roma, 19 nov (EFE). – A Conferência Internacional sobre Nutrição (CIN2), organizada em Roma pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), fez um chamado nesta quarta-feira contra a desnutrição e em prol da segurança alimentar para evitar consequências, como o sobrepeso.

De acordo com o apresentado pelas instituições na inauguração da segunda conferência sobre nutrição, isso passa por dietas saudáveis, acessíveis e frequentemente ricas em produtos próprios de cada região.

“Um dos aspectos que mais nos preocupam sobre nutrição é o aumento no número de crianças obesas. Na América Latina, por exemplo, os países conseguiram, com poucas exceções, alcançar um nível de renda média e reduzir a pobreza, principalmente a extrema, e a fome na última década”, disse em entrevista coletiva o diretor da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva.

Ele destacou os progressos obtidos nos últimos anos, mas insistiu que aumentou “a porcentagem de obesidade infantil em países da América Central, como o México, e também na região do Caribe”.

Já para a diretora geral da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan, isso se deve ao fato que a ingestão de alimentos ricos em açúcares, gorduras e sal está generalizada.

“É fundamental que as dietas sejam acessíveis, saudáveis e que possam ser preparadas em casa, mas vemos cada vez mais as pessoas recorrendo, por diversas razões, aos produtos preparados”, sustentou ela.

Perante a mudança nos hábitos de consumo, a diretora da OMS convidou os estados a trabalhar com a indústria para chegar a consensos na elaboração de alimentos que sejam saudáveis, com menos gorduras ou menos açúcares.

“E que não percam esse sabor agradável para o público”, disse.

Segundo o diretor da FAO, a solução para prevenir a obesidade e o sobrepeso nas crianças é promover dietas saudáveis, ricas em produtos frescos, como frutas e vegetais, e que contenham alimentos próprios de cada região. Como exemplo ele deu a quinoa, um grão típico do Peru e da Bolívia.

Ele também defendeu que as autoridades aprovem “políticas que lutem contra a desnutrição” e promovam uma “educação sobre como comer”.

No primeiro dia da conferência internacional sobre nutrição, que terminará na próxima sexta-feira, outro tema debatido foi como lutar contra a fome.

A comitiva da Guatemala citou seu programa “Fome Zero”, aprovado pelo governo de Otto Pérez Molina em 2012, com o qual pretende “reduzir em 10% a desnutrição crônica infantil” e “prevenir e diminuir a fome sazonal, evitando mortes por desnutrição aguda”.

“Diminuímos em 16% a desnutrição aguda, 1,7% a desnutrição crônica e 4,5% a anemia em menores de cinco anos com relação a 2013”, disse à Agência Efe o secretário de Segurança Alimentar e Nutricional da Guatemala, Germán Rafael González.

Para a ministra de Desenvolvimento Rural e Terras da Bolívia, Nemecia Achacollo Tola, a fome é combatida facilitando “o acesso das pessoas aos produtos saudáveis” e fomentando “a redistribuição da terra com equidade” entre homens e mulheres.

O subsecretário de Alimentação e Competitividade da Secretaria de Agricultura do México, Ricardo Aguilar Castillo, declarou que o governo de Enrique Peña Nieto teve sempre como prioridade acabar com a fome.

“Todos os esforços da administração pública são para atender um objetivo central: reverter a pobreza e a carência alimentar de milhões de pessoas no país”, afirmou Castillo.

O vice-ministro de Produção Agrícola e Pecuária da Venezuela, Alfredo Baldizán, por sua vez, insistiu que “a alimentação é um direito humano fundamental”, e destacou que o país “considera a nutrição como parte fundamental de sua política nacional”.

Segundo ele, a Venezuela está iniciando políticas de conscientização com a máxima “comer bem para viver bem, promovendo padrões de consumo e respeitando as tradições” gastronômicas do país e neutralização, assim, “a influência das grandes empresas internacionais”.

A crítica contra as multinacionais foi apoiada pelo presidente da Comissão de Saúde do Senado chileno, Guido Girardi, que garantiu que seu governo processará empresas de “comida lixo”.

A CIN2 continuará amanhã com os discursos, entre outros, do papa Francisco e da da rainha Letizia da España . EFE

lsc/cdr

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