Decreto de Haddad abre caminho para mudança e privatização da Ceagesp

  • Por Estadão Conteúdo
  • 28/12/2016 08h11
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Divulgação Ceagesp - Divulgação

O último decreto importante da gestão Fernando Haddad (PT) será assinado nesta quarta-feira (28), e viabilizará a transferência da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) da Vila Leopoldina, zona oeste, para Perus, na zona norte. A mudança, segundo Haddad, retira a principal trava para o desenvolvimento das margens do Rio Tietê, no chamado “Arco do Futuro”, uma de suas principais promessas de campanha.

O decreto estabelece as diretrizes do projeto que o grupo econômico interessado em assumir o serviço deve apresentar. Ele é formado pelas empresas Votorantim, SDI Desenvolvimento Imobiliário e Instituto de Urbanismo e de Estudos para a Metrópole (Urbem). A ideia é que o grupo assuma os serviços prestados pela Ceagesp, privatizando a ação de entrepostos, que vem sendo executada pela estatal, de controle da União.

A área para onde o entreposto será transferido é tida pela gestão como “estratégica”, por estar ao lado tanto dos trens metropolitanos quanto da Rodovia dos Bandeirantes, mas antes das praças de pedágio. Para incentivar a mudança, a Lei de Uso e Ocupação do Solo da cidade já previa a Ceagesp como terreno de uso misto, podendo abrigar comércio e moradias, e estabeleceu que a União, dona do terreno atual, não precisaria pagar outorgas caso verticalizasse a área – cujo valor venal passa de R$ 1,7 bilhão. 

Maior entreposto do gênero da América Latina, a Ceagesp registra receita operacional anual de mais de R$ 90 milhões – são 13 unidades no Estado, e a paulistana responde por 80,1% do total. Ali são comercializados produtos oriundos de 1,5 mil municípios, de 22 Estados e 19 países. Ao todo, são vendidas 10 mil toneladas por dia de alimentos no lugar.

Âncoras

Para Haddad, a mudança da Ceagesp segue as “âncoras” de desenvolvimento planejadas para a cidade. São elas: o terreno da Ceagesp; o complexo do Anhembi, em Santana, na zona norte; o Autódromo de Interlagos, na zona sul; e os Estádios do Pacaembu e do Canindé, ambos na região central.

“São cinco oportunidades de atualizar a cidade do ponto de vista da paisagem e do ponto de vista dos serviços prestados pela municipalidade”, avalia o atual prefeito.

O terreno da Ceagesp deve se transformar em um novo bairro. O Estádio do Pacaembu será concedido à administração privada. E o Canindé, depois de resolvidas dívidas do clube, também deve se tornar empreendimento imobiliário. Nesses três pontos, tanto Haddad quanto o prefeito eleito, João Doria (PSDB), pensam o mesmo. As desavenças de método – mas não de finalidade – estão nos demais. Enquanto Haddad defende conceder Anhembi e Interlagos à iniciativa privada, Doria fala em vender os equipamentos.

*A Votorantim enviou à redação da Jovem Pan afirmando que a área da CEAGESP não faz parte do perímetro do projeto do qual faz parte, junto aos parceiros BVEP, SDI e URBEM.

A Votorantim e parceiros – BVEP – empresa de empreendimentos e participações do Banco Votorantim, SDI – empresa de gestão e desenvolvimento imobiliário e o URBEM – Instituto de Urbanismo e de Estudos para a Metrópole – esclarecem que integram o grupo que propôs à Prefeitura um Plano de Intervenção Urbana (PIU) para estudar o desenvolvimento urbano em um perímetro específico na Vila Leopoldina, que não inclui qualquer terreno da Ceagesp. O perímetro do projeto, devidamente demarcado nos mapas disponíveis no site da Prefeitura (http://minuta.gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/piu-leopoldina/), inclui áreas de propriedade dos proponentes e seu entorno próximo, não correspondendo a qualquer parte do terreno atualmente ocupado pela Ceagesp.

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