Descoberta de peça de avião malaio não encerra caso, dizem parentes de vítimas
A confirmação de que o destroço encontrado na Ilha de Reunião, na costa sudeste da África, pertence ao avião da Malaysia Airlines que sumiu no dia 8 de março do ano passado, não trouxe consolo aos parentes das vítimas. Reunidos em Kuala Lumpur, capital da Malásia, um grupo de parentes afirmou que a descoberta não encerra o caso. Jacquita Gonzales, mulher de um integrante da tripulação, disse que não sabe descrever o que está sentindo desde que ficou sabendo que o pedaço de asa foi encontrado. “Nervosa, ansiosa, triste, com raiva. Todos os sentimentos em um só. Eu não sei se há nome para tudo isso, mas é o que eu sinto. Ainda estamos numa montanha-russa.”
Para ela, o caso está longe de ser encerrado. “Eles encontraram alguma coisa, mas não é o fim. Eles ainda precisam encontrar o avião todo e nossos companheiros. Ainda queremos nossos parentes de volta”, disse.
Lim Khim Fatt, que perdeu a mulher na tragédia, declarou que o destroço é um pedaço de um grande quebra-cabeça. “Um pedaço de asa não significa que o avião foi totalmente descoberto. Deve haver mais destroços. Não nos mostrem esse pedaço de asa, não é suficiente”. Lim ressaltou que há muitas questões sobre o desaparecimento do avião que nunca foram respondidas.
A confirmação de que o pedaço de asa encontrado no último dia 29 de junho na Ilha de Reunião pertence à aeronave da Malaysia Airlines foi divulgada na tarde de hoje (5). O primeiro-ministro malaio, Najib Razak, afirmou “esperar que a confirmação, embora trágica e dolorida, traga certeza às famílias das 239 pessoas que estavam a bordo da aeronave”. “Agora temos evidência física de que em março do ano passado, o voo MH370 terminou tragicamente no sul do Oceano Índico”.
O pedaço de asa, que foi levado para a França, está sendo analisado por especialistas da agência responsável pela investigação de acidentes aéreos, com a participação de autoridades da Malásia, China e Austrália. O procurador francês, Serge Mackowiak, em entrevista à imprensa hoje (5), adotou uma postura cautelosa e disse que há uma “suposição muito forte” de que o destroço pertença ao Boeing 777 do voo MH370. “Representantes da Malaysia Airlines nos informaram as especificações técnicas do voo MH370 e foi possível comparar essas informações às encontradas no destroço”, informou. Ele observou, entretanto, que uma nova análise será feita no objeto e também na mala encontrada na ilha.
O Boeing da Malaysia Airlines saiu de Kuala Lumpur, capital da Malásia, em direção a Pequim, na China. Pouco mais de uma hora depois da decolagem, a comunicação com a torre de controle foi interrompida. Investigadores acreditam que o transponder (aparelho que informa a posição da aeronave para o controle de tráfego aéreo e outros aviões) tenha sido desligado de propósito e que a aeronave foi desviada de sua rota em direção ao Oceano Índico, onde várias operações de buscas foram feitas nos últimos 16 meses. O local onde o pedaço de asa foi encontrado fica a milhares de quilômetros a oeste da área de buscas. Na mesma praia, foi encontrado na quinta -feira (30) um pedaço de mala, por um trabalhador responsável pela limpeza do litoral.
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