Dilma e Marina centralizam debate com temas econômicos
São Paulo, 1 set (EFE).- A presidente Dilma Rousseff e sua principal adversária nas próximas eleições de 5 de outubro, a candidata Marina Silva do PSB, se atacaram mutuamente em um debate televisivo nesta segunda-feira, abordando os pontos fracos de seus respectivos programas para a economia, com direito a acusações, de ambos os lados, de que suas propostas poderiam levar ao desemprego.
As diferenças em matéria econômica entre as duas favoritas proporcionaram os momentos mais tensos do debate, organizado pela emissora “SBT” em conjunto com o jornal “Folha de S. Paulo”, o site “UOL” e a rádio “Jovem Pan”, do qual também participaram o tucano Aécio Neves, terceiro nas pesquisas, e outros cinco candidatos de partidos menores.
Dilma e Marina, que segundo as últimas pesquisas de intenção de voto estão virtualmente empatadas no primeiro turno das eleições, se acusaram mutuamente de colocar em perigo a economia com suas propostas, que poderiam levar a um aumento do desemprego.
As duas candidatas se interpelaram três vezes no debate e em todas elas trataram de temas financeiros, abordando os planos para a exploração do petróleo do pré-sal e as principais políticas macroeconômicas.
A atual chefe de Estado, candidata à reeleição pelo PT, acusou Marina de propor uma política econômica que geraria desemprego e destacou que sua adversária não apresentou planos para apoiar suas propostas, que levariam a um aumento dos gastos públicos em saúde e educação.
“O que ocorre quando se é presidente da República, que tem que se explicar como vai ser feito. Porque você vai ter de fazer no dia seguinte. Então não basta dizer que vai fazer uma lista de coisas. Sem dizer de onde vem o dinheiro”, afirmou Dilma.
A presidente também advertiu Marina que, caso consiga vencer as eleições, não terá apoio político suficiente para iniciar seus projetos, e afirmou que em seu governo “apostou pela governabilidade”.
A chefe de Estado enumerou vários avanços sociais de seu governo, defendeu que conseguiu assentar as bases para promover “um novo ciclo de crescimento”, mas admitiu que não está “plenamente satisfeita” com seu trabalho, pois “acho que podemos e devemos fazer mais”.
Além disso, Dilma afirmou que a situação ruim da economia, que passa por uma recessão técnica após dois trimestres de números negativos, é “momentânea”.
Em seguida, a candidata do PSB investiu com dureza contra a atual governante e disse que ela “não consegue fazer uma coisa que é essencial para quem pretende um segundo mandato para governar um país como o Brasil, que é reconhecer os erros, porque, se não reconhece os erros, não tem como repará-los”.
Nesse sentido, afirmou que o atual governo se elegeu prometendo “que ia controlar a inflação, que ia manter o país em crescimento e que ia fazer com que os juros baixassem. Hoje nós temos inflação alta, nós temos baixo crescimento, e nós temos uma situação de juros altos”.
Marina também se referiu às manifestações de junho de 2013 para ilustrar o descontentamento da população que, segundo ela, “paga um preço muito alto pela péssima qualidade dos serviços que estão sendo prestados”.
Já o candidato do PSDB Aécio Neves, terceiro colocado nas pesquisas, concentrou suas críticas no atual governo, afirmando que o mesmo “fracassou” com suas políticas econômicas e que perdeu um precioso tempo “por não compreender que a parceria com o setor privado era essencial”.
Em suas considerações finais, Aécio manifestou sua desconfiança em Marina Silva pelas “contradições” que vê em seu projeto político.
Apesar de a economia ter concentrado os momentos mais quentes do debate, os candidatos também tocaram em outras questões como as péssimas condições de saneamento básico, a violência nas prisões e a segurança pública.
De acordo com as últimas pesquisas de opinião, Marina Silva é apontada como favorita nas eleições, pois está virtualmente empatada com a presidente no primeiro turno, mas a supera no segundo.
Também participaram do debate o candidato pastor Everaldo Pereira (PSC), quarto colocado na última pesquisa com 2% das intenções de voto, além de Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidelix (PRTB), estes com números inferiores a 1%. EFE
mp/rpr
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