Doria lamenta mortes em Paraisópolis e diz que política de segurança não mudará

  • Por Jovem Pan
  • 02/12/2019 15h09 - Atualizado em 03/12/2019 09h05
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MARCO AMBROSIO/ESTADÃO CONTEÚDO Carros da polícia militar

O governador João Doria lamentou nesta segunda-feira a morte de nove jovens em Paraisópolis, na zona Sul da capital paulista, no  final de semana e afirmou que “a política de segurança pública do estado não vai mudar”.

“São Paulo tem o melhor sistema de segurança preventiva, isso não significa que não seja infalível. A política de segurança pública do estado não vai mudar”, disse. “As ações nas comunidades de São Paulo vão continuar. A existência de um fato e circunstancialmente com as apurações que serão feitas, não inibirá as ações que serão feitas envolvendo Segurança Pública. Não inibe ação, mas exige apuração”, completou.

Segundo a Polícia Militar, uma moto com dois ocupantes desrespeitou a ordem para estacionar e entrou na favela, o que deu origem a uma perseguição. Os ocupantes da moto dispararam contra os policiais, conforme relato das autoridades. Moradores da favela, contudo, afirmam que não houve tiroteio e que a polícia entrou no local para dispersar o baile funk.

“A letalidade não foi provocada pela Polícia Militar, e sim por bandidos que invadiram a área onde estava acontecendo o baile funk. Não houve ação da polícia, nem utilização de arma, nem ação da polícia em relação a invadir a área onde o baile funk estava ocorrendo”, disse o governador.

O caso foi registrado no 89º Distrito Policial, do Jardim Taboão. A PM instaurou inquérito policial militar para apurar todas as circunstâncias da ocorrência.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), convocou uma entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, 2, em que lamentou as mortes de nove jovens que morreram na favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, no fim de semana, mas buscou destacar que o plano de policiamento do Estado “não mudará” por causa dessa ação.

Operação da Polícia Militar

O comandante-geral da PM, coronel Marcelo Salles, afirmou que a Polícia Militar havia montado uma operação especial para coibir o baile funk que ocorreu em Paraisópolis na noite de sábado. Segundo o policial, havia oito festas diferentes dentro da favela naquela noite, com cinco mil pessoas. Entretanto, a operação teria sido abortada dado o volume de cidadãos aglomerados nas vielas do bairro.

“Nós iríamos ocupar? Iríamos. Só que, às 20 horas, foi feita uma análise de risco e não dava. Já estava todo tomado naquela localização. Ingressar ali seria um erro. (Seria um erro) Dispersar ali. Tanto que esse evento ocorreu às 4 horas da manhã”, afirmou o coronel.

Salles afirmou que a opção então foi de reforçar o policiamento no entorno do baile, sob o argumento de que criminosos se aproveitam da festa, e da multidão, para se refugiar na massa de pessoas após a prática de crimes. “A experiência diz, e eu já fui comandante da zona oeste e sei disso, que há crimes adjacentes. Carros são roubados e levados para dentro do pancadão”, disse.

“O gatilho iniciador do problema foi os criminosos atirando na polícia”, concluiu o coronel, mesmo admitindo que as investigações sobre o caso ainda não são conclusivas.

Reação

Segundo o coronel, duas pessoas que ocupavam uma motocicleta Yamaha XT 660 R teriam passado por três policiais militares que também eram ocupantes de motos, e atirado contra os policiais. Os PMs teriam então perseguido essa dupla por cerca de 400 metros, até chegar ao ponto onde havia o baile. Ali, a massa teria reagido com hostilidade à presença dos policiais, que ainda assim não reagiram a novos tiros de armas de fogo, e teriam pedido auxílio.

Primeiramente, um outro policial também de moto teria chegado para socorrer os três policiais. Depois, duas equipes da Força Tática, uma divisão da PM que tem escopetas e granadas de gás, também entraram na favela. Mais PMs foram chegando até totalizarem 38 agentes na favela.

“Os policiais (envolvidos no caso) não estão afastados. Eles estão preservados. Nós temos de concluir o inquérito. Não haverá açodamento de condenados anteriormente antes dos devido processo legal. Eles estão preservados e continuarão nas unidades, em serviços administrativos, no mesmo horário deles, fazendo outras coisas”, afirmou o coronel, ao citar que, em eventos em que há mortes, os policiais passam por acompanhamento médico e psicológico.

O coronel disse que eventuais mudanças nos procedimentos da ação, especialmente no caso de criminosos usarem pessoas como escudos, como ele argumenta que ocorreu, só serão analisadas depois do término das investigações. Salles não deu prazos para o fim das ações.

Salles disse que as imagens compartilhadas nas redes sociais estão sob análise. Ele destacou uma das gravações, em que uma pessoa sentada é agredida com tapas na cara por um policial, poderia não ter relação com a ação. “Não há som de música, você consegue ouvir cães latindo”, citou. “Apesar (de serem atos) gravíssimos e que serão apurados com uma lupa, porque não compactuamos com erro.”

O secretário estadual da Segurança Pública, João Campos, se negou a responder se já havia identificado os agentes mostrados nos vídeos que foram compartilhados após a ação. No lugar disso, preferiu destacar a “disciplina” da PM paulista. “É uma instituição admirável”, disse o secretário.

Com informações do Estadão Conteúdo

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