Alta da inflação em março foi uma surpresa, diz Campos Neto
Presidente do BC afirma que pressão foi puxada pelo aumento dos combustíveis acima do esperado, além do encarecimento do vestuário e da alimentação fora de casa; IPCA foi a 11,3% no acumulado de 12 meses
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira, 11, que o resultado da inflação em março foi uma surpresa com os impactos do aumento dos combustíveis. “Neste último número, grande parte da surpresa foi essa, e mais do que a surpresa em si, foi a aceleração da passagem do preço da gasolina para a bomba. Vimos uma aceleração diferente do que vinha até então”, afirmou, citando também as pressões geradas pelos segmentos de vestuário e alimentação fora de casa. A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 1,62% em março — o maior patamar para o mês em 28 anos —, e foi a 11,3% no acumulado de 12 meses.
O presidente do BC admitiu que o número está pressionado e que a autoridade monetária foca na estabilização da variação. “A realidade é que a nossa inflação está muito alta, os núcleos estão muito altos. Temos comunicado com a maior transparência possível o nosso processo de enfrentamento em relação a essa inflação mais alta e persistente”, disse durante evento virtual da Arko e Traders Club (TC). O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic de 10,75% para 11,75% na última reunião, e deixou contratada nova alta de 1 ponto percentual no encontro do próximo mês. A aceleração da IPCA fez analistas revisarem para cima a trajetória de alta dos juros. “Estamos analisando essa surpresa e vendo se muda alguma coisa na tendência”, afirmou Campos Neto.
Segundo o chefe da autoridade monetária, a recente desvalorização do dólar ante o real contribuiu para amortecer os efeitos da alta das commodities agrícolas na variação de preços. Ao comentar a entrada de fluxo de capital estrangeiro, Campos Neto citou o interesse do mercado nacional diante de mudanças na geopolítica global geradas pela guerra no Leste da Europa. “Vemos a realocação de recursos, um pouco da China, e não só no Brasil, como em outros países. Tem um pouco do conflito também, um pouco de antecipação de como vai ser essa geopolítica nova”. No âmbito doméstico, o presidente do BC elencou a melhora do quadro fiscal, a antecipação da alta dos juros e a resiliência das empresas brasileiras em operar sob pressões inflacionárias.
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