Após recuo da Fiesp, agronegócio publica manifesto em defesa da democracia

Em documento, sete entidades afirmam que país não pode se apresentar como ‘uma sociedade permanentemente tensionada em crises intermináveis ou em risco de retrocessos e rupturas institucionais’

  • Por André Siqueira
  • 30/08/2021 18h31 - Atualizado em 30/08/2021 19h30
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Foto: RAYLANDERSON FROTA/ISHOOT/ESTADÃO CONTEÚDO ISH20210503049 - 03/05/2021 - 18:15 Máquina vermelha jogando milho em um suporte Entidades do agronegócio resolveram marcar posição após decisão da Fiesp de adiar publicação de seu manifesto

Depois da decisão da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) de adiar a publicação de um manifesto em defesa da democracia, sete entidades ligadas ao agronegócio divulgaram, nesta segunda-feira, 30, um texto no qual condenam a instabilidade institucional. No documento, os órgãos manifestam “preocupação com os atuais desafios à harmonia político-institucional e, como consequência, à estabilidade econômica e social em nosso país”. “Em nome de nossos setores, cumprimos o dever de nos juntar a muitas outras vozes responsáveis, em chamamento a que nossas lideranças se mostrem à altura do Brasil e de sua História”, afirma a carta.

As entidades também se mostram preocupados com a ameaça de uma ruptura institucional e dizem que a instabilidade política traz consequências negativas para a economia brasileira. “Somos uma das maiores economias do planeta, um dos países mais importantes do mundo, sob qualquer aspecto, e não podemos nos apresentar à comunidade das Nações como uma sociedade permanentemente tensionada em crises intermináveis ou em risco de retrocessos e rupturas institucionais. O Brasil é muito maior e melhor do que a imagem que temos projetado ao mundo. Isto está nos custando caro e levará tempo para reverter”, escrevem. São signatários do manifesto a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), a Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma (Abrapalma), a CropLife Brasil, a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) e o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).

Como a Jovem Pan mostrou, o manifesto da Fiesp, que já contava com a adesão de mais de 200 signatários dos setores financeiro e empresarial, estava previsto para ser divulgado no início desta semana, mas sua publicação foi adiada após uma conversa do presidente da federação, Paulo Skaf, com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), no final de semana. Em uma das versões preliminares do texto, ao qual a reportagem teve acesso, intitulado de “A praça é dos três Poderes”, os signatários dizem ver “com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas”. O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou, nesta segunda-feira, 30, em conversa com jornalistas, que não houve consenso sobre o teor da nota, porque “alguém da Febraban [Federação Brasileira de Bancos]” teria alterado o texto para fazer “um ataque ao governo” Bolsonaro.

Leia abaixo a íntegra da carta de entidades do agronegócio:

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