Bolsa fecha ano com queda de 12% no acumulado, enquanto dólar sobe 7%

Instabilidade política e risco fiscal fizeram com que o Brasil se tornasse menos atrativo; câmbio registra quinto ano seguido de desvalorização, enquanto Bolsa fecha no vermelho pela primeira vez desde 2015

  • Por Jovem Pan
  • 30/12/2021 18h41
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Reprodução/Pixabay Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira fecha fevereiro com queda de 4,37%. Em 2021, tombo é de 7,54% Ibovespa teve grandes quedas ao longo do ano

No último dia de pregão da Bolsa de Valores de São Paulo em 2021, o Ibovespa teve aumento de 0,7%, aos 104.822 pontos, acompanhando os principais mercados internacionais — os índices também subiram na Europa e nos Estados Unidos, embora com avanços mais tímidos. O cenário interno pode explicar a situação, graças ao resultado consolidado do setor público, que teve superávit de R$ 15 bilhões no ano, considerando-se o governo federal e os estaduais em conjunto. O dólar teve forte queda, de 2,33%, e fechou a R$ 5,570. Os números desta quinta, 30, porém, contrariam o que se viu ao longo dos últimos meses, que teve forte queda da Bolsa e o real perdendo ainda mais valor frente à moeda norte-americana. Em 2021, o câmbio acumulou desvalorização de 7,3% — o quinto ano consecutivo de retração. Em 2020, o tombo foi de 29,3% em meio aos reflexos da pandemia da Covid-19. A última vez que o real fechou em alta contra a moeda norte-americana foi em 2016, com avanço de 17,8%. Já o Ibovespa fechou 2021 com recuo de 12%, o primeiro resultado negativo desde 2015. Em 2020, o pregão acumulou valorização de 3%.

O Ibovespa teve um primeiro semestre positivo, saindo de 118.854,71 pontos no primeiro dia de janeiro e chegando a 130.776,27 em 7 de junho, com os dados da retomada econômica após a pandemia animando os investidores. Contudo, ainda naquele mês, a instabilidade política no país começou a ter efeito e fez com que o índice fechasse o primeiro semestre aos 126.801 pontos, queda que se manteve praticamente constante ao longo dos meses seguintes, até chegar a 100.774,57 em 1º de dezembro. As discussões sobre a PEC dos Precatórios e o teto de gastos, que permitiriam ao governo financiar o novo programa social Auxílio Brasil, também interferiram com o medo de que o país cometesse um calote ao não pagar as dívidas reconhecidas na Justiça em 2022. O aumento da inflação e dos juros dificultaram a situação para a Bolsa, tornando outros tipos de investimentos mais atraentes. Também ocorreram choques na economia brasileira, como a crise hídrica, que levou ao aumento no custo da energia, e a queda do setor agrícola no terceiro semestre, que travou a retomada.

Em relação ao dólar, o mercado brasileiro se tornou menos atraente para o investidor externo por conta das turbulências políticas e incertezas, prejudicando a entrada da moeda no país e refletindo na sua valorização ante o real. Depois de começar o ano cotado a R$ 5,19, o câmbio chegou a bater a máxima de R$ 5,797 em 9 de março com os investidores repercutindo a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), em anular as acusações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato, tornando o petista novamente elegível. A divisa seguiu em trajetória de queda nos meses seguintes, chegando a ficar abaixo de R$ 5 entre os dias 22 e 30 de junho — alcançando a mínima de R$ 4,913 no dia 24.

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