Campos Neto e Galípolo votam em acordo em reunião do Copom que baixou taxa de juros em 0,5 p.p.
Membros do comitê divergiram sobre diminuir o patamar da Selic em 0,25 ponto percentual ou 0,5 p.p., optando eventualmente pela segunda opção por um voto de diferença
Com um placar de 5 a 4, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu baixar a taxa básica de juros para 13,25% ao ano, nesta quarta-feira, 2. Segundo o comunicado do grupo, os membros divergiram sobre diminuir o patamar da Selic em 0,25 ponto percentual ou 0,5 p.p., optando eventualmente pela segunda opção. Um ponto que chamou a atenção foi a concordância dos votos do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do Diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo. Ambos votaram a favor da maior redução, em 0,5 p.p.. Galípolo é ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda e era considerado braço direito de Fernando Haddad. Assim como outros membros da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Haddad era crítico ferrenho da alta taxa de juros e da condução da política monetária de Campos Neto.
Em diversas entrevistas, Galípolo afirmou que Lula tem autoridade para questionar a taxa Selic, uma vez que recebeu mais 60 milhões de votos e tem experiência no assunto. “Com certeza o presidente tem toda autonomia e autoridade para comentar sobre isso. Acho que o BC deve seguir analisando os indicadores que analisa para determinar qual taxa de juros deve colocar e poder considerar quais são os impactos na economia”, disse em entrevista ao UOL. Ele também revelou que fala quase diariamente com o atual presidente do BC, Robeto Campos Neto. “Eu falo com ele quase diariamente. Estou com uma missão corporativa de, até o fim do ano, ele ser criticado por todos os grupos bolsonaristas por estar excessivamente próximo à equipe econômica do PT. Temos muito diálogo com ele”, disse ao Estado.
A redução de 0,5 ponto percentual vem após sete altas consecutivas, que culminaram no período mais longo no qual a Selic esteve estacionada desde junho de 2019, quando foi mantida em 6,50% por 10 reuniões, ou quase um ano. A taxa não sofria cortes desde agosto de 2020, quando foi reajustada de 2,25% para 2%. A decisão do colegiado seguiu as expectativas do mercado, que previa que o processo de queda da taxa de juros iria começar em agosto. Contudo, havia incerteza se o corte seria de 0,25 p.p. ou 0,50 p.p.
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